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Beirute. Nitrato de amónio tinha como destino empresa portuguesa em Moçambique

09 ago, 2020 - 08:17 • Lusa

As 2,7 mil toneladas de nitrato de amónio estiveram na origem das explosões em Beirute que, na terça feira, causaram 158 mortos e mais de 6 mil feridos.

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Os estragos provocados pela explosão. “É como se um enorme terramoto tivesse atingido Beirute. Estou sem palavras”
Os estragos provocados pela explosão. “É como se um enorme terramoto tivesse atingido Beirute. Estou sem palavras”

A Fábrica de Explosivos de Moçambique (FEM) confirmou este domingo que encomendou as 2,7 mil toneladas de nitrato de amónio que estiveram na origem das explosões em Beirute, salientando que a carga apreendida pelas autoridades libanesas foi substituída por outra remessa.

A encomenda foi feita pela FEM, em 2013, à empresa Savaro, da Geórgia, e o local de descarga previsto era o porto da Beira, em Moçambique, disse à Lusa fonte oficial da firma moçambicana.

No entanto, aquela carga "nunca foi entregue", uma vez que o navio ficou retido em Beirute, por ordem das autoridades locais.

O momento em que explosão interrompe transmissão de missa em Beirute
O momento em que explosão interrompe transmissão de missa em Beirute

A carga ficou armazenada no porto da capital libanesa e terá estado na origem das explosões registadas na terça-feira, que devastaram bairros inteiros e causaram 158 mortos e mais de 6.000 feridos.

Até hoje, as autoridades de Moçambique nunca confirmaram que o país era o destino do nitrato de amónio. Na quinta-feira, a empresa gestora do porto da Beira disse desconhecer essa encomenda e no dia anterior, o Ministério dos Transportes e Comunicações moçambicano referiu que desconhecia este material explosivo.

A FEM é detida pela empresa Moura, Silva & Filhos, com sede na Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga.

Segundo fonte da empresa, aquela foi uma "encomenda normal", de uma matéria utilizada na sua atividade comercial, "cumprindo sempre de forma escrupulosa todos os requisitos legais e melhores práticas internacionais".

A FEM "não tem qualquer relação com armadores ou transitários, dado que a sua relação com os fornecedores se cinge às encomendas que faz. Aliás, é esse o caso com todos os importadores, seja de frigoríficos, automóveis, tratores ou ar condicionados", acrescentou a mesma fonte, sublinhando que a empresa "não tem qualquer atividade como transitário ou armador" e é "uma mera utilizadora".

A empresa vincou ainda que "nunca paga qualquer carga antes de esta lhe ser entregue", para deixar claro que, até à receção, não tem qualquer responsabilidade sobre a mesma.

"A FEM está no mercado desde 1955 e nunca teve qualquer problema com manuseamento dos produtos que importa", afirmou a fonte, dando conta que fornece "em segurança clientes por toda a costa oriental de África".

Perante a retenção do navio em Beirute, a Savaro acabou por enviar uma nova carga de nitrato de amónio, através de outro navio. Entretanto, a FEM abandonou aquele fornecedor, devido ao "incumprimento" de prazos de entrega.

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