09 ago, 2020 - 16:14 • Lusa
A candidata da oposição bielorrussa Svetlana Tikhanovskaïa apelou hoje a um escrutínio honesto, após uma campanha marcada pela ascensão surpresa desta rival do Presidente cessante Alexandre Lukachenko e uma vaga de repressão.
“Quero verdadeiramente uma eleição honesta, é a isso que apelo”, disse aos jornalistas, após ter votado em Minsk.
“Se todo o povo apoiar realmente Alexander Gregoryevich (Lukashenko), reconhecê-lo-emos”, adiantou.
Segundo a equipa da opositora, o voto antecipado entre terça-feira e sábado foi ocasião para numerosas fraudes. Os representantes da oposição enfrentaram a repressão, tendo no sábado sido presa a diretora de campanha de Tikhanovskaia, Maria Moroz.
Principal rival de Lukachenko, Tikhanovskaia fez uma campanha que mobilizou multidões nunca vistas na história recente da Bielorrússia.
Postal de Quarentena - Minsk
A Bielorrússia teve, até agora, pouco mais de 200 (...)
Lukachenko, 65 anos, que tenta um sexto mandato, sempre afirmou que uma mulher não pode ser Presidente da Bielorrússia e não vê a opositora como rival.
“Eu não considero essa pessoa como o meu principal adversário. Vocês (os ‘media’) é que fizeram dela a minha maior rival. Ela própria reconheceu que não sabe onde está ou o que fazer”, disse hoje aos jornalistas o Presidente cessante.
Lukachenko também criticou os planos da rival de, em caso de vitória, convocar novas presidenciais a que todos possam concorrer, incluindo o Presidente cessante, assim como de libertar todos os presos políticos, que designou de criminosos, delinquentes económicos e toxicodependentes.
Mulher de Serguei Tikhanovski, um ‘blogger’ que se quis candidatar às presidenciais e que está preso desde maio, Svetlana Tikhanoskaia conta com o apoio de outras mulheres, como a mulher de Valeri Tsepkalo, cuja candidatura a estas eleições foi rejeitada e que se exilou, e Maria Kolesnikova, ex-diretora de campanha do candidato Viktor Babariko, também detido.
A candidata pediu ainda aos bielorrussos para não recorrerem à violência após o encerramento das urnas.
Segundo as autoridades eleitorais, mais de 65% dos bielorrussos tinha votado até às 14:00 locais (12:00 em Lisboa).
Além da ausência de observadores ocidentais, a oposição denunciou hoje o bloqueio da Internet, que os críticos de Lukachenko dizem visar evitar uma contagem paralela dos votos e a mobilização dos opositores através das redes sociais.
Quase sete milhões de bielorrussos foram chamados às urnas e a votação decorre até às 20h00 (18h00 em Lisboa).