09 ago, 2020 - 10:01 • Redação com Reuters
A ministra da Informação libanesa, Manal Abdel Samad, anunciou a sua demissão este domingo, avança a agência Reuters. A governante justificou a decisão com a falha do governo em fazer as reformas necessárias e com a explosão que abalou a capital Beirut, na terça-feira.
Samad pediu desculpa aos libaneses por lhes ter falhado. "Não correspondemos às vossas expectativas", disse.
É a primeira baixa no Governo libanês, após a explosão que provocou mais de 150 mortos, 6.000 feridos e dezenas de desaparecidos. O incidente aconteceu num armazém onde, segundo o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, estavam 2.750 toneladas de nitrato de amónio armazenadas durante seis anos, "sem medidas cautelares"
O Líbano vive um clima de contestação política. No sábado, milhares de manifestantes libaneses revoltados com a classe política, acusada de corrupção, incompetência e negligência após a explosão, marcharam pelo centro de Beirute e invadiram os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Energia.
Acabaram por ser retirados pelo exército.
Guilhotinas em madeira foram instaladas na praça dos Mártires em Beirute, epicentro da contestação iniciada em outubro de 2019, e muitos manifestantes gritaram “vingança, vingança, até à queda do regime”.
O contestado primeiro-ministro libanês Hassan Diab(...)
Segundo a Cruz Vermelha libanesa, 130 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre a polícia e os manifestantes, 28 das quais tiveram de ser transportadas para o hospital.
Hoje, realiza-se uma videoconferência de doadores para o Líbano, coorganizada pelas Nações Unidas e pela França.
Ainda no final da tarde de sábado, num discurso difundido pela televisão, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, afirmou que “apenas eleições antecipadas podem permitir uma saída da crise estrutural” e apelou "a todas as partes políticas que se entendam sobre a próxima etapa", afirmando estar "disposto a continuar a assumir (...) responsabilidades durante dois meses até que cheguem a acordo”.
O chefe do Governo acrescentou que vai submeter na segunda-feira a sua proposta ao Conselho de Ministros.
As 2,7 mil toneladas de nitrato de amónio estivera(...)
A explosão no porto de Beirute criou uma cratera com 43 metros de profundidade, revelou este domingo fonte da segurança libanesa, citando avaliações feitas por especialistas franceses em pirotecnia enviados para o local.
França ofereceu apoio logístico ao Líbano, incluindo para a investigação à explosão, e enviou forças de segurança, equipas de busca e ajuda médica.
O American Institute of Geophysics (USGS), com sede na Virgínia, revelou ter registado a explosão como um terramoto 3,3 na escala Richter.