09 ago, 2020 - 22:32 • Marta Grosso com Lusa
Uma conferência de doadores para o Líbano, organizada pela França e pelas Nações Unidas, reuniu-se de emergência neste domingo e conseguiu angariar cerca de 253 milhões de euros (298 milhões de dólares) para a ajuda humanitária imediata, anunciou a Presidência francesa.
Os doadores prometeram prestar ajuda de emergência, centrando-se no apoio médico e aos hospitais, escolas, alimentação e habitação.
Reunidos por videoconferência, os líderes mundiais – entre os quais se encontravam os Presidentes francês, Emmanuel Macron, e dos Estados Unidos, Donald Trump – “concordaram que a assistência deve (…) ser coordenada sob a égide das Nações Unidas e fornecida diretamente à população libanesa, com o máximo de eficácia e transparência”.
Os participantes insistiram ainda na necessidade de uma “investigação imparcial, credível e independente” sobre as circunstâncias da catástrofe, que causou 158 mortos, mais de 6.000 feridos e até 300.000 desalojados.
Na reunião participaram perto de 30 países, bem como a União Europeia, a Liga Árabe,
o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os compromissos que assumiram não serão condicionados pela necessidade de reformas políticas ou institucionais, segundo anunciou o gabinete do Presidente Emmanuel Macron.
Também foram feitas promessas de apoio de longo prazo, mas essas já ficariam dependentes das mudanças introduzidas pelas autoridades, acrescentou.
O Presidente libanês, Michel Aoun, excluiu na sexta-feira um inquérito internacional à explosão, que admitiu poder dever-se a negligência ou a um míssil.
As autoridades libanesas têm atribuído a catástrofe a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio, substância química perigosa, "sem medidas de precaução".
Líbano
Organizações católicas estão no terreno.
Além da ajuda de emergência, que segundo a Presidência francesa é oferecida sem condições, os participantes na conferência declararam-se preparados para apoiar a posterior recuperação económica e financeira do país, que insistiram exige que as autoridades do Líbano se comprometam a realizar as reformas solicitadas pela sua população.
A explosão de terça-feira alimentou a raiva de uma população já mobilizada desde o outono de 2019 contra os líderes libaneses, acusados de corrupção e ineficácia, e levou às ruas milhares de pessoas, que pediram explicações aos seus dirigentes.
Alguns líderes mundiais mostram-se preocupados com a influência do Irão, sobretudo por meio do grupo xiita Hezbollah.
A "assistência deve ser oportuna, suficiente e consistente com as necessidades do povo libanês e entregue diretamente à população libanesa, com máxima eficiência e transparência", refere o comunicado final da reunião.