11 ago, 2020 - 15:05 • Redação com Lusa
Mais de duas mil pessoas foram detidas nas últimas 24 horas, após a capital e várias cidades do país terem sido palco de mais uma noite de manifestações na Bielorrússia contra os resultados das eleições presidenciais.
"Em todo o país foram detidas mais de duas mil pessoas, entre outros motivos, pela participação em atos não autorizados", referiu o Ministério do Interior da Bielorrússia em comunicado, esta terça-feira.
Os protestos mais participados, indica a mesma nota, decorreram em Minsk, Brest, Moguiliov e Novopolotsk.
Segundo as forças da ordem, durante as manifestações registaram-se agressões contra os agentes, tendo 21 polícias ficado feridos.
As eleições presidenciais de domingo foram declaradas fraudulentas pela oposição e desencadearam uma vaga de protestos contra o Governo de Alexander Lukashenko, que está no poder desde 1995 e que, segundo a Comissão Eleitoral, conquistou 80% dos votos.
Desde o início dos protestos, foi oficialmente anunciada a morte de um manifestante na segunda-feira, a par de milhares de detidos.
No dia após as eleições, o Ministério do Interior informou que três mil pessoas tinham sido detidas, entre elas jornalistas russos e bielorrussos.
A principal opositora ao regime de Lukashenko pediu a impugnação dos resultados eleitorais e refugiou-se hoje na Lituânia.
Num vídeo divulgado esta manhã, Svetlana Tikhanovskaia, que decidiu candidatar-se à presidência após a detenção do seu marido, um blogger crítico do regime de Lukashenko, confirmou ter tomado a “decisão difícil” de abandonar a Bielorrússia.
“Tomei a decisão sozinha […] e sei que muitos me condenam, muitos me compreendem, muitos me odeiam”, afirmou Tikhanovskaia, candidata presidencial que, em várias semanas, mobilizou, para surpresa geral, multidões contra o atual Presidente.
De acordo com membros da oposição terá sido obrigada a abandonar o país.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Estónia, Finlândia e Polónia concordaram hoje em marcar uma reunião urgente com os parceiros da União Europeia (UE) para discutir a crise na Bielorrússia.
Os chefes da diplomacia reuniram-se em Riga para assinalarem o Tratado de Paz entre a Letónia e a Rússia soviética, mas a atualidade na Bielorrússia acabou por marcar o encontro que já estava agendado e que decorreu esta manhã na capital da Letónia -- que, a par da Polónia, faz fronteira com a Bielorrússia. Os dois países já anunciaram que estão dispostos a acolher os opositores refugiados.
Na segunda-feira, a Comissão Europeia criticou o que diz ser a "violência estatal desproporcional e inaceitável" contra manifestantes pacíficos, pedindo que os votos sejam contabilizados de forma "precisa" e em respeito da vontade dos cidadãos.