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Médio Oriente

Israel e Emirados Árabes Unidos anunciam acordo histórico para normalizar relações

13 ago, 2020 - 16:40 • Redação com Reuters

Trump congratula-se com "gigante avanço" e "acordo histórico" entre "dois grandes amigos" dos EUA. Embaixador israelita em Washington fala num "grande dia para a paz". Abbas apelida acordo de "traição".

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Numa jogada que apanhou quase todos de surpresa, Israel e os Emirados Árabes Unidos anunciaram esta quinta-feira um acordo inédito de relações bilaterais, em troca da não-anexação de áreas da Cisjordânia por Israel. O acordo foi anunciado ao mesmo tempo pelos líderes dos dois países e por Donald Trump, cuja administração mediou as negociações.

O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, atual líder dos Emirados Árabes Unidos (EAU), anunciou no Twitter que o acordo com Israel passa pelo compromisso do Estado hebraico em suspender a anexação dos territórios palestinianos.

"Durante uma chamada com o Presidente Trump e o primeiro-ministro [israelita, Benjamin] Netanyahu, um acordo foi alcançado para travar a anexação israelita dos territórios palestinianos", declarou Mohammed Bin Zayed al-Nahyan no Twitter. "Os EAU e Israel também concordaram em cooperar e delinear uma estratégia para estabelecer relações bilaterais."

Num comunicado conjunto, Israel, EAU e os Estados Unidos congratulam-se com "um avanço diplomático histórico" rumo à paz no Médio Oriente, após os três países terem "concordado em normalizar as relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos".

No Twitter, Trump reagiu com entusiasmo, falando num "GRANDE avanço" e num "acordo de paz histórico entre dois GRANDES amigos nossos". Ainda da parte do Governo norte-americano, Mike Pompeo, secretário de Estado, fala num "enorme" passo "na direção certa".

Em Washington, fontes oficiais da Casa Branca avançam que, sob este acordo, Israel vai suspender a declaração de soberania sobre áreas da Cisjordânia que pretendia anexar. Mas, segundo uma fonte do Governo israelita, esse objetivo não vai deixar de estar na agenda, apesar do acordo.

Citada pela Reuters, Israel mantém pretensão de declarar soberania sobre partes da Cisjordânia, um dos territórios ocupados que os palestinianos pretendem que integre um futuro Estado da Palestina, juntamente com Gaza e Jerusalém Oriental.

Na reação ao anúncio, o embaixador de Israel nos EUA, Ron Dermer, agradeceu diretamente a Donald Trump pelo avanço alcançado.

"Um grande dia para a paz! Israel elogia a coragem de MBZ [sigla pela qual é conhecido o príncipe herdeiro dos Emirados] pela histórica decisão de os EAU se juntarem ao Egito (1979) e à Jordânia (1994) no alcance da paz com Israel. Israel agradece profundamente tudo o que o Presidente Trump fez para tornar possível este avanço. Mais virão!"

Ao contrário do Egito e da Jordânia, os EAU estavam, até agora, alinhados com a maioria das nações árabes no não-reconhecimento do Estado de Israel, sem manter quaisquer relações diplomáticas ou económicas com o país.

Anexação de partes da Cisjordânia ficou "adiada", mas Netanyahu avisa que pode avançar um dia

Benjamin Netanyahu diz que o plano de anexação de partes da Cisjordânia fica adiado com o acordo de normalização de relações com os Emirados Árabes Unidos, mas pode avançar um dia. Netanyahu não desistiu dessa opção criticada pelos palestinianos e por parte da comunidade internacional.

“A aplicação da soberania (israelita) na Judeia e Samaria (nome bíblico da Cisjordânia) está em cima da mesa (…) não está anulada”, declarou num discurso transmitido na televisão.

Palestina apelida acordo de "traição"

O presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, cujos funcionários, segundo notou a agência Reuters, pareciam apanhados de surpresa, emitiu uma condenação invulgarmente forte a um vizinho árabe regional e instruiu o embaixador palestiniano nos Emirados Árabes Unidos a regressar imediatamente.

“A liderança palestiniana rejeita e denuncia o anúncio trilateral surpreendente dos Emirados Árabes Unidos, Israel e EUA”, disse o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeineh, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

Lendo um comunicado na televisão palestina, Abu Rudeineh disse que a liderança considerou a ação dos Emirados Árabes Unidos como "uma traição".

O que já se sabe sobre o acordo

  • Israel compromete-se a suspender a anexação de áreas da Cisjordânia ocupada, como pretendia fazer, avançam fontes da Casa Branca
  • O Irão mantém-se "inimigo comum" e o maior obstáculo à paz na região
  • Nas próximas semanas, adiantam os três países em comunicado, delegações de Israel e dos EAU vão encontrar-se para assinar acordos bilaterais sobre investimento, turismo, voos diretos, segurança, telecomunicações e outros setores.
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