14 ago, 2020 - 12:23 • Celso Paiva Sol
Depois de cinco dias em Beirute, a diplomata Manuela Bairos conclui que, por enquanto, não existem situações urgentes de repatriamento de portugueses relacionadas com a explosão da semana passada.
“As pessoas não estão a precisar de ser repatriadas num voo de repatriação. As pessoas estão a precisar que os problemas do Líbano sejam resolvidos, para depois, eventualmente, tomarem a decisão de voltar a Portugal”, afirma à Renascença.
“Neste momento, voos de repatriamento, podia haver um o outro caso isolado, mas há voos comerciais, não é preciso fretar um avião para ir ao Líbano. E não é essa a questão. A situação é que as pessoas que possam querer voltar a Portugal, têm que resolver primeiro uma série de questões no Líbano”, reforça.
Líbano
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Na capital do Líbano, Manuela Bairos sentiu muita ansiedade entre os portugueses, mas diz que o principal problema continua a ser a situação socioeconómica do país.
A explosão no porto da cidade só veio agravar uma crise que já condicionava muito a vida de quem vive no Líbano e foi essa a grande preocupação que a embaixadora encontrou na comunidade portuguesa.
“Encontrei a comunidade em Beirute muito ansiosa, não apenas com as explosões e a devastação dos últimos dias, mas com a situação que se acumulou desde outubro, quando houve as primeiras manifestações dos mais jovens, e também com a situação financeira que se agravou desde o início do ano. As pessoas não têm acesso às suas contas bancárias e a lira desvalorizou imenso. As pessoas estão muito ansiosas para gerir o seu dia-a-dia”, relata.
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A embaixadora portuguesa no Chipre – que estende a sua área de atuação também ao Líbano – releva que atualizou a sua base de dados relativa aos portugueses que ali vivem.
“Temos 40 e tal pessoas registadas na embaixada, mas neste contexto conseguimos fazer contacto com mais e chegámos à conclusão de que são cerca de 100”, revela.
A comunidade nacional, descreve-a assim: “dois terços deste grupo tem dupla-nacionalidade. Não seriam portugueses de origem, são portugueses por via do casamento ou outras razões. E cerca de um terço são expatriados”.
“Visitei, por exemplo, uma barragem onde está a trabalhar um grupo de sete ou oito portugueses, alguns engenheiros. Portanto, há portugueses que estão no Líbano temporariamente”, acrescenta.
No relatório que está a preparar para enviar para Lisboa, a embaixadora Manuela Bairos faz referência a um único ferido entre os portugueses: uma mulher que contactou por e-mail e que se encontra em recuperação.
De resto, apesar de alguns danos materiais, a comunidade nacional não abandonou as suas casas, até porque a maior parte delas fica fora da zona de impacto da explosão.
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