19 ago, 2020 - 21:34 • Redação com Lusa
O vice-Presidente brasileiro, general Hamilton Mourão, convidou esta quarta-feira Leonardo DiCaprio a visitar a Amazónia, para "aprender como funcionam as coisas", após o ator norte-americano ter criticado a posição do Governo face aos fogos naquela floresta.
"A Amazónia não é uma coisa única. Existem 22 tipos de floresta diferentes aqui dentro, não é uma floresta única e muito menos é uma planície", afirmou hoje Mourão, num encontro da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre desenvolvimento sustentável na Amazónia.
"Gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, o ator Leonardo DiCaprio, para ir comigo aqui a São Gabriel da Cachoeira e nós fazermos uma marcha de oito horas pela selva (...). Ele vai aprender, em cada socavão (buraco) que ele tiver de passar, que a Amazónia não é uma planície e aí entenderá melhor como funcionam as coisas nesta imensa região", acrescentou o general, citado pela imprensa local.
Além da vice-presidência do Brasil, Mourão lidera o Conselho Nacional da Amazónia Legal, entidade que coordena diversas ações direcionadas à preservação daquela que é a maior floresta tropical do mundo.
Hamilton Mourão dirigiu-se a DiCaprio após o ator ter criticado, na semana passada, a postura do chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, perante os incêndios que atingiram fortemente a Amazónia em 2019 e que já lavram este ano.
"O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está sob pressão internacional para conter os incêndios, mas ele duvidou publicamente da gravidade dos mesmos no passado, alegando que opositores e comunidades indígenas foram os responsáveis", escreveu o ator na rede social Instagram.
O ator citou ainda dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do Brasil para mostrar o aumento de 28% dos incêndios naquela floresta em julho deste ano, em comparação o período homólogo do ano passado.
"Os primeiros números de agosto também mostram um aumento de 7%", alertou o ator que, além da carreira no cinema, se tem associado a causas ambientais.
Além de Mourão, também o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atacou DiCaprio, afirmando que o ator "deveria cuidar das coisas do país dele".
"Eu acho que Leonardo DiCaprio deveria cuidar das coisas do país dele, da turma dele, inclusive do pessoal do meio artístico, que tem muitos recursos, mas investe muito pouco na proteção ao meio ambiente. (...) Quem quer dar palpite tem de pôr a mão no bolso, palpite de graça a gente nem responde", declarou o responsável pela tutela do Ambiente, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Esta não é a primeira vez que DiCaprio se refere à situação da Amazónia brasileira, o que levou Bolsonaro a acusar a 'estrela' de Hollywood de financiar queimadas na floresta, no ano passado.
De acordo com o Inpe, órgão tutelado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, nos últimos 12 meses os alertas de destruição cobriram um total de 9.205 quilómetros quadrados dentro da Amazónia.
O aumento dos alertas indicia que a desflorestação e os incêndios na Amazónia brasileira podem ser ainda mais graves nesta temporada do que foram no ano passado, quando a devastação daquela região alarmou o mundo.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).