20 ago, 2020 - 06:40 • Marta Grosso com Reuters
Kamala Harris não poupa críticas a Donald Trump. “O caos constante deixa-nos à deriva, a incompetência amedronta-nos, a insensibilidade faz-nos sentir sozinhos. É demais”, afirmou em Wilmington (Delaware), a cidade natal de Joe Biden.
A senadora da Califórnia já aceitou a indicação democrata para número dois de Biden, pelo que é candidata oficial a vice-presidente dos Estados Unidos.
Na quarta-feira, terceiro dia da convenção democrata, Kamala Harris – a primeira mulher negra e asiático-americana a concorrer à Casa Branca – afirmou que a liderança de Trump levou o país a um "ponto de inflexão".
“A sua política falhada custou vidas e meios de subsistência. O que está a ser feito não está a resultar. Somos uma nação em sofrimento. A sofrer pela perda de vidas, de empregos, de oportunidades, de normalidade e, sim, pela perda de certezas”, afirmou.
Daí o apelo ao voto em Biden no dia 3 de novembro.
“Devemos eleger um Presidente que nos una a todos – negros, brancos, latinos, asiáticos, indígenas – para alcançar o futuro que queremos coletivamente. Devemos eleger Joe Biden”, apontou.
Kamala Harris falou também de racismo, um “vírus [que] não tem olhos, mas sabe exatamente como nos vemos e como nos tratamos uns aos outros”.
“Temos de ser claros. Não há uma vacina contra o racismo”, sublinhou, lembrando George Floyd e “tantos outros” num discurso contra o racismo, “pelas nossas crianças e por todos nós”.
Kamala Harris recordou a sua história como filha de imigrantes da Índia e da Jamaica e a sua progressão na carreira, passando por procuradora-geral do estado e agora candidata à vice-presidência.
Foram, assim, quebradas barreiras raciais e de género, salientou, lembrando os esforços pioneiros de mulheres antes dela, que lutaram pelo direito de votar.
"O facto de eu estar aqui esta noite é uma prova da dedicação de gerações antes de mim", afirmou. "Organizaram-se, marcharam e lutaram – não apenas pelo direito ao voto, como por um lugar à mesa”.
A nomeação de Harris culminou na terceira noite de uma convenção partidária que contou com uma multidão de mulheres em lugar de destaque, moderadoras e palestrantes, mostrando o crescente poder das mulheres na política e no Partido Democrata.
Barack Obama foi outro interveniente na noite. O ex-Presidente falou um pouco antes de Kamala Harris e, através de um vídeo, acusou Donald Trump de “tratar a Presidência como mais um ‘reality show’ que usa para ter atenção”.
Segundo Obama, Trump usa o poder apenas para "ajudar a si mesmo e a seus amigos".
Joe Biden foi vice-presidente de Barack Obama de 2009 a 2017. Aos 77 anos, poderá tornar-se o Presidente mais velho a ser eleito, o que leva a especulações de que fará apenas um mandato.
Kamala Harris tem 55 anos e, se Joe Biden deixasse o cargo, seria a principal candidata para as eleições de 2024.
Biden nomeou Harris como número dois na semana passada. Juntos enfrentam Donald Trump, de 74 anos, e o vice-presidente Mike Pence, de 61.
A convenção democrata termina nesta quinta-feira. A republicana, também em grande parte virtual, acontece na próxima semana.
Joe Biden e Kamala Harris defrontarão Donald Trump(...)