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Bielorrússia. Membros da oposição acusados de tentarem derrubar o Presidente

21 ago, 2020 - 16:46 • Redação com Reuters

Opositores não veem motivo para serem presos. A opositora Sviatlana Tsikhanouskaya fugiu para a Lituânia, mas espera regressar assim que considere seguro.

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Dois membros do recém-criado conselho da oposição da Bielorrússia foram interrogados esta sexta-feira no âmbito de um processo em que são acusados de tentar derrubar o Presidente Alexander Lukashenko.

Maksim Znak e Sarhey Dyleuski, acompanhados de dezenas de apoiantes, deslocaram-se às instalações do Comité de Investigação para serem questionados.

No final, o advogado Maksim Znak disse ter sido uma “discussão produtiva” e não via nenhum motivo para a prisão. “Demos a nossa explicação e vamos continuar a trabalhar”, sublinhou.

O Comitê Coordenador da oposição foi lançado esta semana. Tem como objetivo negociar uma transferência de poder após eleições consideradas fraudulentas e numa altura em que a Bielorrússia vive a pior crise política desde o colapso da União Soviética.

Alexander Lukashenko, no poder há mais de um quarto de século, foi declarado o vencedor das eleições presidenciais de 9 de agosto, com 80% dos votos. Contudo, dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas alegando que a eleição é uma fraude.


A dura repressão policial não parece ter intimidado os manifestantes, que protestam há 13 dias consecutivos.

As ações da oposição incluem, agora, greves em várias empresas do Estado, há muito vistas como bastiões de Lukashenko.

A candidata da oposição Sviatlana Tsikhanouskaya fugiu para a Lituânia. Numa mensagem vídeo divulgado na sexta-feira, apelou para que mais trabalhadores entrem em greve para protestar contra o resultado da eleição. Adiantou, ainda, numa entrevista, que retornaria à Bielorrússia quando achasse que fosse seguro.

O Ministério Público bielorrusso iniciou um processo criminal na quinta-feira. Alega que o Comité Coordenador foi criado como uma tentativa ilegal de tomada do poder. O Comité, composto por dezenas de figuras públicas de alto nível, incluindo um Prémio Nobel e o chefe destituído do principal teatro do país, afirma que os seus objetivos são pacíficos e suas táticas legais.

A União Europeia, que rejeitou a reeleição de Lukashenko, pediu que o caso fosse arquivado.

"Esperamos que as autoridades da Bielorrússia interrompam o processo criminal e, em vez disso, iniciem um diálogo com vistas a uma saída pacífica da atual crise", disse Nabila Massrali, porta-voz da política externa da UE, num comunicado.


A Bielorrússia é uma aliada próxima de Moscovo, e a crise é um teste para o Kremlin, que deve decidir se fica com Lukashenko ou tenta pensar numa transferência de poder para outro líder.

É também um desafio para o Ocidente. As fronteiras do país com a Polónia, Lituânia e Letónia são as principais fronteiras da NATO, e os países do leste europeu apoiam a oposição.

Mas as autoridades europeias também estão empenhadas em evitar uma repetição da agitação de há seis anos na vizinha Ucrânia. Quando um líder pró-Rússia foi derrubado numa revolta popular e Moscovo interveio militarmente, desencadeando o conflito mais mortal da Europa em curso.

Isso significou tomar uma abordagem cautelosa, incluindo tranquilizar Moscovo de que as autoridades não estão a tentar tirar a Bielorrússia da órbita da Rússia.

"A Bielorrússia não é a Ucrânia: as pessoas lá não procuram laços mais estreitos com a UE", disse um alto funcionário da UE à Reuters. O bloco tenta encorajar as autoridades bielorrussas a negociar com a oposição, “sem inclinar o equilíbrio geopolítico para a Bielorrússia entre a UE e a Rússia”.

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