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Líder da oposição bielorrussa considera-se um símbolo de mudança

22 ago, 2020 - 16:06 • Sofia Freitas Moreira e Reuters

Em entrevista exclusiva à Reuters, Sviatlana Tsikhanouskaya diz que vai fazer de tudo para apoiar os manifestantes no seu país de origem, mas acrescenta que não vai voltar a concorrer às eleições presidenciais.

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A exilada líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, considera-se um símbolo de mudança, cujo principal papel é ajudar a criar novas eleições, disse a própria em entrevista à Reuters, este sábado.

Tsikhanouskaya falava a partir da Lituânia, país para onde fugiu por questões de segurança, com os dois filhos. A bielorrussa diz que vai fazer de tudo para apoiar os manifestantes no seu país de origem, mas acrescenta que não vai voltar a concorrer às eleições presidenciais.

“Durante a campanha, não me via como uma política, mas esforcei-me para isso. Não me vejo na política. Não sou política”, contou à Reuters.

Dezenas de milhares de bielorrussos saíram às ruas, nas últimas semanas, para contestarem os resultados das últimas eleições presidenciais, do dia 9 de agosto, e que muitos acreditam terem sido fraudulentas. A população quer que o atual presidente, Alexander Lukashenko, saia do poder, exigindo novas eleições.

Tsikhanouskaya, que concorreu às eleições contra Lukashenko depois de o seu marido, um conhecido ativista da oposição, ter sido preso, disse que o destino lhe entregou um papel que não tinha o direito de abandonar.

“É o meu destino e a minha missão, e não tenho o direito de me afastar. Entendo que aqui [na Lituânia] me encontro em segurança, mas todas as pessoas que votaram em mim, na Bielorrússia, precisam de mim enquanto símbolo. Elas precisam da pessoa em que votaram. Nunca poderia trair as minhas pessoas”.

Bielorrússia e a luta por eleições honestas. "Nunca vamos esquecer o que nos fizeram. Estamos fartos de ter medo"
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A líder da oposição tem regularmente publicado vídeos onde apela à continuação dos protestos. Tsikhanouskaya disse ainda que recebeu chamadas de líderes mundiais que lhe perguntaram como poderiam ajudar.

“Entendo que eles não têm o direito e a possibilidade de interferir nos assuntos internos do nosso país. Pedi a todos que respeitassem a independência do nosso país, a soberania do nosso país”, disse.

Questionada sobre quais países entraram em contacto, Sviatlana mencionou o Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Polónia, Lituânia, Letónia, Estónia e outros.

O presidente russo, Vladimir Putin, cujo país tem laços estreitos com a Bielorrússia, não entrou em contato e Tsikhanouskaya disse que não tentaria falar com ele sozinha.

“Não tenho nada a lhe perguntar, apenas (para respeitar) a soberania”, disse. “Qualquer relacionamento futuro com a Rússia ou outros países seria decidido pelo povo e pelo novo presidente.”

Do ponto de vista de Tsikhanouskaya, a autoridade de Lukashenko foi gravemente danificada e as coisas seriam diferentes na Bielorrússia, mesmo que o atual presidente se conseguisse agarrar ao poder, por enquanto.

Na mais recente tentativa de reprimir a onda de manifestações desde as contestadas eleições, Lukashenko disse, este sábado, que iria começar a fechar fábricas cujos trabalhadores aderiram
às greves, avança a agência noticiosa russa RIA.

“O povo bielorrusso mudou, durante este ano. O povo bielorrusso não será capaz de aceitá-lo como o novo presidente”, disse.

Tenho certeza que mais cedo ou mais tarde ele terá que ir embora”, rematou.

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