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Parlamento Europeu

Bielorrússia. Líder da oposição diz que "revolução pacífica está a acontecer"

25 ago, 2020 - 12:04 • Sofia Freitas Moreira com Lusa

“A Bielorrússia acordou. Não somos mais a oposição, somos a maioria". Svetlana Tikhanovskaya falava por videoconferência numa reunião extraordinária da comissão de Assuntos Externos do Parlamento Europeu, dedicada à situação na Bielorrússia.

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A líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaya, declarou, esta terça-feira, que “a revolução pacífica” está a acontecer no país, na sequência da contestada reeleição de Alexander Lukashenko, e rejeitou a interferência da Rússia ou da União Europeia (UE).

“A Bielorrússia acordou. Não somos mais a oposição, somos a maioria. A revolução pacífica está a acontecer”, declarou Svetlana Tikhanovskaya, falando por videoconferência numa reunião extraordinária da comissão de Assuntos Externos do Parlamento Europeu, dedicada à situação na Bielorrússia.

Em declarações prestadas remotamente a partir da cidade lituana de Vílnius, onde está exilada, a responsável sublinhou que esta “não é uma revolução geopolítica”.

“Não é contra nem a favor da Rússia, nem contra ou a favor da UE, é uma revolução democrática” que “é guiada pela força das pessoas que querem eleger os seus líderes e determinar o seu destino”, vincou Svetlana Tikhanovskaya.

E apelou: “Peço a todos os países do mundo para respeitarem o direito da autodeterminação e a independência da Bielorrússia, bem como a sua integridade territorial”.

Bielorrússia e a luta por eleições honestas. "Nunca vamos esquecer o que nos fizeram. Estamos fartos de ter medo"
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De acordo com Svetlana Tikhanovskaya, “a exigência do povo bielorrusso é simples: eleições livres e justas”.

“É isto que move as pessoas nas ruas. É este o desejo de toda a nação”, notou, numa alusão à onda de protestos que tem juntado milhares de pessoas nas ruas do país.

Lamentando que o país esteja a enfrentar “uma profunda crise” política e social, Svetlana Tikhanovskaya assegurou que “a intimidação [das autoridades] não vai prevalecer”, dado que o povo bielorrusso “não vai desistir”.

“Manifesto a nossa prontidão para negociar e a abertura para receber mediação das organizações internacionais para facilitar o diálogo”, adiantou a responsável, observando que “o povo merece mais, a Europa merece mais”.

Aplaudindo à rejeição, por parte dos líderes europeus, dos resultados da eleição presidencial de 9 de agosto, bem como a declaração de apoio dos partidos do Parlamento Europeu, Svetlana Tikhanovskaya manifestou ainda “a gratidão do povo bielorrusso pelo apoio” da UE.

Líderes da oposição presentes a tribunal, depois de noite na prisão

Duas líderes da oposição ao governo bielorrusso foram presentes a tribunal, esta terça-feira, depois de terem passado a noite na prisão. O governo continua com uma ação punitiva severa a todos os que se opõem a Lukashenko.

Olga Kolvakova, a principal representante da candidata da oposição Sviatlana Tsikhanouskaya ainda no país, e Sarhei Dyleuski, que conduziu manifestações na Fábrica de Tratores de Minsk, foram detidos na segunda-feira.

Olga e Sarhei são líderes do Conselho de Coordenação da oposição, criado na semana passada com o objetivo de estabelecer negociações com o governo de Lukashenko, que instaurou um processo criminal contra a iniciativa por a considerar ilegal.

A Bielorrússia está a ser palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulenta.

Na segunda-feira, a Bielorrússia entrou na terceira semana de protestos populares, na sequência das eleições de 9 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, a um sexto mandato, com 80% dos votos.

A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.

Em resposta ao agravamento da crise, a UE acordou impor sanções contra as autoridades bielorrussas ligadas à repressão e à fraude eleitoral.

A principal adversária de Lukashenko nas presidenciais, Svetlana Tikhanovskaya, que segundo os números oficiais obteve 10% dos votos, refugiou-se na Lituânia dois dias após as eleições.

A capital da Lituânia, Vilnius, dista apenas cerca de 170 quilómetros da capital bielorrussa, Minsk, e o país acolhe muitos bielorrussos no exílio.

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