27 ago, 2020 - 16:00 • Lusa
O Presidente eleito do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, foi libertado esta quinta-feia pela junta que o derrubou na semana passada, após sete anos no poder no país em guerra com os "jihadistas", anunciaram os militares.
O Comité Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), criado pelos militares, que fizeram o golpe de Estado para liderar o país, informou "a opinião pública nacional e internacional que o antigo Presidente Ibrahim Boubakar Keita foi libertado e está atualmente na sua residência", afirmaram através da rede social Facebook.
A libertação do Presidente era uma das reivindicações da comunidade internacional, que rejeitou o golpe de Estado.
Os delegados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que estão no Mali propuseram na quarta-feira aos líderes do golpe militar que aceitassem um governo de transição por um período máximo de um ano.
"Dissemos-lhes que o aceitável para a CEDEAO seria um governo interino liderado por um civil ou por um militar aposentado, durante seis ou nove meses, ou pelo máximo de 12 meses", disse, citado num comunicado, um dos mediadores da CEDEAO, o ex-presidente da Nigéria Goodluck Jonathan.
Os delegados da CEDEAO consideraram que, findo esse período, devem ser realizadas eleições democráticas no país para "restaurar a ordem constitucional", após o golpe militar de 18 de agosto.
Uma equipa da CEDEAO reuniu-se com o presidente deposto, Ibrahim Boubacar Keita, que continuava então detido juntamente com outros líderes do seu gabinete.
A junta militar que assumiu o poder no Mali em nome de um "Comité Nacional para a Salvação do Povo" deseja, por sua vez, que a CEDEAO levante as sanções impostas ao país africano, apesar de os delegados argumentarem que essa questão só diz respeito aos chefes de Estado dessa comunidade económica.
As fronteiras de todos os países da CEDEAO com o Mali, país suspenso de todos os órgãos de decisão desta organização até que a ordem constitucional seja restaurada, estão fechadas.
A União Africana também suspendeu a condição de membro ao Mali na terça-feira, "até que a ordem constitucional seja restaurada".
A organização exigiu ainda a libertação do presidente, de membros do seu Governo e de altos funcionários ainda detidos..
Independente desde 1960, o Mali viveu o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.
Além da CEDEAO e da União Africana, a ação militar já foi rejeitada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia (UE).
Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da ONU e da UE.
Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.