28 ago, 2020 - 23:23 • Lusa
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O Ministério de Saúde da Venezuela anunciou esta sexta-feira que chegou a um acordo com a Rússia para selecionar possíveis candidatos para participar nos ensaios clínicos contra a covid-19 com a vacina russa Sputnik V.
Um comunicado divulgado em Caracas explica que as autoridades dos dois países participaram numa videoconferência, na quinta-feira, "com a intenção de afiançar a possibilidade de incorporar os estudos clínicos da vacina Sputnik V e produzi-la em território venezuelano".
Durante a videoconferência, segundo o comunicado, o ministro venezuelano da Saúde, Carlos Alvarado, "precisou o interesse da Venezuela em participar na fase 3 da produção desta vacina, pelo que foram assinados, de maneira imediata, (vários) acordos de confidencialidade e iniciou-se a seleção de possíveis candidatos para o desenvolvimento desta fase".
Entretanto, em declarações à televisão estatal venezuelana, o ministro Carlos Alvarado adiantou que Caracas está na disposição plena de fazer "algumas adequações e rever elementos técnicos para produzir o mesmo tipo de vacina" que é feito na Rússia.
Na videoconferência participaram também representantes do Fundo Russo de Investimentos Diretos e do Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, produtor da vacina Sputnik V.
Em 21 de agosto, o ministério venezuelano da Saúde anunciou que o país previa ter "500 voluntários para os ensaios clínicos da fase 3 da vacina Sputnik V".
Entretanto, as Academias de Medicina e de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais da Venezuela emitiram um comunicado conjunto pedindo às autoridades do país que respeitem os princípios éticos e científicos durante os ensaios e testes da vacina.
"A vacina candidata a ser avaliada não é uma vacina com eficácia comprovada, mas um produto experimental que pode ter efeitos secundários desconhecidos. A participação deve ser voluntária e documentada com o devido consentimento", refere o comunicado.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 42.898 casos de infeção pela covid-19 e 358 mortes associadas ao novo coronavírus. Estão também dados como recuperados 34.147 pacientes.
O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.
A atividade económica é limitada e apenas está permitida a comercialização de produtos básicos essenciais, em horário reduzido.
Os voos nacionais e internacionais foram restringidos até 12 de setembro e a população está impedida de circular entre os diferentes municípios do país.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 832 mil mortos e infetou mais de 24,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.