02 set, 2020 - 16:01 • Joana Gonçalves
Veja também:
Testes clínicos internacionais, publicados esta quarta-feira, revelam que tratamentos com esteróides, mais baratos e acessíveis, estão associados a uma redução de um terço na mortalidade de doentes com Covid-19, em estado crítico.
Em resposta à divulgação dos novos dados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o uso deste composto é altamente recomendável para o tratamento de pacientes com Covid-19 em estado grave ou crítico, em todo o mundo. A notícia é avançada pelo jornal norte-americado The New York Times, que ressalva que, apesar da recetividade, a organização desaconselha a administração do mesmo fármaco em pacientes com sintomatologia leve.
Os resultados, agora conhecidos, incluem uma análise que reuniu dados de sete ensaios clínicos que avaliaram o efeito de três esteróides em mais de 1.700 pacientes, escolhidos aleatoriamente. O estudo concluiu que cada uma das três drogas contribuiu para a redução do risco de morte por Covid-19.
Este e três outros estudos relacionados foram publicados na revista JAMA, juntamente com um editorial que descreve a pesquisa como um "importante passo em frente no tratamento de pacientes com Covid-19."
Investigação
Cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde di(...)
Os corticosteróides devem agora ser adotados no tratamento primordial de pacientes em estado crítico, acrescentaram os autores. O remdesivir é o único outro fármaco que se mostrou eficaz no combate da doença em estado avançado.
Esteróides como dexametasona, hidrocortisona e metilprednisolona são frequentemente usados por médicos para controlar o sistema imunológico, aliviando a inflamação, inchaço e dor. Muitos pacientes com Covid-19 morrem não do vírus, mas da reação exagerada do corpo à infecção.
A análise dos dados agrupados revelou que os esteróides estavam associados a uma redução de um terço nas mortes entre os pacientes com Covid-19. A dexametasona produziu os resultados mais fortes: uma queda de 36% nas mortes em 1.282 pacientes tratados em três ensaios separados.
Em junho, investigadores da Universidade de Oxford descobriram que a dexametasona parecia melhorar as taxas de sobrevivência em pacientes gravemente afetados. Os especialistas tinham esperança de que outros esteróides, mais baratos, pudessem ajudar esses pacientes.