06 set, 2020 - 12:35 • Redação com Lusa
A Alemanha, que atualmente preside à União Europeia, iniciará discussões sobre possíveis sanções contra a Rússia se Moscovo não der "nos próximos dias" explicações sobre o envenenamento de Alexei Navalny, avisou o chefe da diplomacia alemã este domingo.
Em entrevista ao diário alemão "Bild", Heiko Maas salientou que, se a colaboração da Rússia no esclarecimento da suspeita de envenenamento de Navalny não for mais além do que uma “cortina de fumo”, isso será mais um indício de que “tem algo a esconder”.
"Estabelecer ultimatos não ajuda ninguém, mas se nos próximos dias o lado russo não ajudar a esclarecer o que aconteceu, então teremos de discutir uma resposta com os nossos parceiros", sublinhou, acrescentando que as sanções que fossem decididas teriam de ser "direcionadas".
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, “muitos indícios” apontam para que o Estado russo esteja por detrás da suspeita de envenenamento de Alexei Navalny com uma substância neurotóxica do tipo "novichok". Maas assinalou que “apenas um grupo muito pequeno de pessoas” têm acesso a este tipo de agente tóxico.
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Do(...)
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha ameaçou, inclusive, ainda que de forma reticente, interromper o projeto Nord Stream 2, o gasoduto germano-russo em construção no Mar Báltico.
"Em todo o caso, espero que os russos não nos obriguem a mudar a nossa posição relativamente ao Nord Stream 2”, frisou.
Ainda assim, Maas sublinhou que interromper o gasoduto quando a obra, que envolve mais de 100 empresas de 12 países europeus, metade das quais alemã, está praticamente concluída prejudicaria também as empresas alemãs e europeias. "Quem exige isso tem de estar consciente das consequências", frisou.
O chefe da diplomacia alemã referiu, de qualquer forma, que suspender o projeto Nord Stream 2 não faria justiça ao caso Navalny.
EUA
O Presidente dos Estados Unidos ressalva, contudo,(...)
Na quarta-feira, o governo da Alemanha disse ter "provas inequívocas" de que Alexei Navalny, líder da oposição ao governo da Rússia, foi envenenado com uma substância neurotóxica "do tipo 'novichok'".
Questionado sobre o caso, no sábado, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump salientou que ainda não tinha visto provas de envenenamento, apesar de classificar o caso como "trágico e terrível".
A Alemanha, a União Europeia e a NATO exigiram, nos últimos dias, à Rússia uma investigação completa e transparente do caso.
Este domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, referiu, em declarações à Sky News, que a Rússia tem de responder a "um conjunto de perguntas muito sérias" sobre Navalny.
A Alemanha informou os seus aliados na NATO das conclusões apuradas, até então, dos exames realizados a Navalny. O opositor russo encontra-se hospitalizado desde 22 de agosto, em coma, num hospital de Berlim, para onde foi transferido da Sibéria, onde esteve internado dois dias após perder a consciência durante um voo para Moscovo.
O Novichok integra um grupo particularmente perigoso de agentes neurotóxicos russos que foram proibidos, em 2019, pela OPCW. A conceção deste tipo de agente neurotóxico por cientistas soviéticos remonta aos anos de 1970 e 1980, as últimas décadas da Guerra Fria.