06 set, 2020 - 12:58 • Lusa
A polícia de Hong Kong deteve, este domingo, 90 ativistas pró-democracia num protesto contra a lei de segurança aprovada pela China para o território e o adiamento pelo governo das eleições para o parlamento devido à pandemia de covid-19.
Os protestos concentraram-se nos bairros de Kowloon e Mong Kok, assinalando o dia para o qual estava agendado o ato eleitoral, que foi adiado para 2021. Segundo o South China Morning Post, os ativistas gritaram mensagens antigovernamentais e defenderam a “independência do domínio chinês”, considerado agora um crime no âmbito da legislação aprovada este ano por Pequim.
Leung Kwok-hung, Raphael Wong Ho-ming e Figo Chan Ho-wun, membros da Liga Social Democrática, foram alguns ativistas presos "por participarem numa marcha não autorizada", de acordo com a imprensa.
Foi destacada, também, a adesão pouco significativa aos protestos, marcados por uma forte presença da polícia, com cerca de 2.000 agentes mobilizados.
Numa publicação no Facebook, a polícia reconhece que prendeu quase 90 pessoas por terem participado numa manifestação não autorizada.
Em vários vídeos publicados nas redes sociais consegue perceber-se que os manifestantes exigiam a possibilidade de voto e gritaram que a corrupção atingiu a polícia.
A acusação é a de “participarem conscientemente nu(...)
No dia 31 de julho, a líder do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou que as eleições legislativas seriam adiadas por um ano devido ao "risco extremo para a saúde" representado pela terceira vaga de infeções da covid-19, negando que a decisão tivesse motivações políticas, como alegavam os movimentos pró-democracia.
Carrie Lam argumentou com os riscos levantados pela previsível aglomeração de eleitores e trabalhadores nas mesas de voto e a incapacidade dos residentes de Hong Kong no estrangeiro de voltarem para votar devido a exigências de quarentena.
O adiamento das eleições legislativas foi o mais recente capítulo na história recente de convulsão política no antigo território britânico.
A imposição por Pequim em julho de 2019 de uma nova lei de segurança nacional, que pune com penas que podem chegar à prisão perpétua atos como a secessão ou conluio com forças estrangeiras, mergulhou Hong Kong num clima de agitação e gerou uma reação de protesto da comunidade internacional.