07 set, 2020 - 12:14 • Lusa
Uma dirigente da oposição na Bielorrússia terá sido detida, anunciou o portal bielorrusso Tut.by, citando testemunhas que dizem ter visto desconhecidos a levar Maria Kolesnikova numa carrinha, em Minsk.
“Esta manhã, próximo do Museu Nacional de Arte, desconhecidos colocaram Kolesnikova numa carrinha na qual estava escrita a palavra ‘Sviaz’ (Comunicações) e levaram-na para um local desconhecido”, refere o portal.
Kolesnikova, membro do Conselho de Coordenação para a transferência pacífica do poder na Bielorrússia, é uma das principais figuras da oposição bielorrussa no país e uma das poucas que escolheram não se exilar no estrangeiro.
“Recebemos informação de que Maria [Kolesnikova] foi provavelmente detida no centro de Minsk”, afirmou à agência de notícias russa Interfax o membro do Conselho de Coordenação Pavel Latushko, acrescentando que também não consegue contactar outros ativistas do organismo.
“Não conseguimos comunicar com Anton Rodnenkov nem com Ivan Kravtsov. Não sabemos onde estão nem o que lhes aconteceu”, disse Latushko.
“A única coisa que podemos supor é que as autoridades farão tudo o que puderem para impedir o trabalho do Conselho”, adiantou.
A Polícia de Minsk negou que Kolesnikova tenha sido detida por agentes da corporação.
Kolesnikova, música de profissão, é a única das três mulheres que enfrentaram o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, na campanha para as presidenciais que continua em Minsk, já que a líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, e Veronika Tsepkalo partiram para o exílio depois das eleições de 9 de agosto.
Kolesnikova disse, numa entrevista recente à agência de notícias espanhola Efe, que não tinha medo de ser presa.
A Bielorrússia tem sido palco de várias manifestações desde 9 de agosto, quando Alexander Lukashenko conquistou um sexto mandato presidencial com 80% dos votos, eleições consideradas fraudulentas pela oposição.
Lukashenko, de 66 anos e que há 26 lidera a ex-república soviética de 9,5 milhões de habitantes, tem acusado os manifestantes de serem “marionetas” do Ocidente.
A líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaya, que se exilou na Lituânia após o escrutínio, exigiu na sexta-feira perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas o uso de “todos os mecanismos”, incluindo sanções, para terminar a violência e as “violações dos direitos humanos” do Governo de Minsk.