10 set, 2020 - 15:57 • Lusa
Maria Kolesnikova, dirigente da oposição da Bieolorrússia atualmente em prisão preventiva, pediu hoje ao Comité de Investigação para processar os serviços de segurança que lhe fizeram ameaças de morte caso não abandonasse o país.
Ludmila Kazak, advogada de Maria Kolesnikova, entregou hoje uma declaração da cliente ao responsável pelo Comité De Investigação (instância jurídica da Bielorrússia, Ivan Noskevich, para que seja iniciado um processo judicial contra desconhecidos.
Segundo a advogada, Maria Kolesnikova foi vítima de pressões psicológicas: ameaças de morte, coação, ameaça de condenação a 25 anos de prisão e tentativa de expulsão forçada do país.
"Ameaçaram tirar-me a vida. Em concreto, disseram-me que se eu não abandonasse voluntariamente o território bielorrusso acabaria por ser expulsa, viva ou em 'pedaços'. Também me ameaçaram com uma pena de prisão de 25 anos e de me provocar problemas nos centros de detenção", afirma Kolesnikova através da advogada.
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A dirigente da oposição, membro do Conselho Coordenador para a transição do poder, foi sequestrada na segunda-feira, no centro de Minsk, por homens com passa-montanhas que a obrigaram a entrar num veículo tendo sido depois transportada para local desconhecido.
No dia seguinte foi levada para junto da fronteira com a Ucrânia juntamente com outros membros da oposição e obrigada a abandonar o país.
De acordo com a denúncia, Kolesnikova rasgou o passaporte para evitar cruzar a fronteira.
Neste momento Maria Kolesnikova está a ser interrogada num centro de reclusão pelas autoridades de Minsk que a acusaram de ter entrado ilegalmente na Bielorrússia depois de ter destruído o documento de viagem e, por isso, considerada suspeita do caso de "incitamento" contra a segurança nacional.
Em declarações transmitidas pela advogada, a dirigente da oposição identifica funcionários do KGB (forças de segurança da Bielorrússia que mantiveram a designação da polícia política da ex-União Soviética) e do Grupo contra o Crime Organizado e Corrupção (GUBOPik), do Ministério do Interior.
A advogada acusou os funcionários do Estado de "sequestro, cárcere ilegal e ameaças à vida", crimes que estão estipulados pelo Código Penal do país.
"Depois de não ter obedecido à ordem para sair do país fui metida numa cela durante uma hora", acrescentou.
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Antes das declarações da advogada, o ex-candidato presidencial Viktor Babaryko divulgou as mesmas denúncias através do portal oficial que mantém na internet assim como a mesma carta dirigida ao Comité de Investigação da Bielorrússia sobre os factos ocorridos desde segunda-feira.
Kolesnikova foi diretora de campanha de Viktor Babaryko no passado.
A maior parte das figuras e personalidades da oposição que se envolveram na contestação que se seguiu às eleições presidenciais de 09 de agosto estão presas ou no exílio.
A oposição acusa o regime de se manter no poder através de graves fraudes eleitorais.
O presidente Lukashenko referiu-se vagamente, na quarta-feira, à possibilidade de realização de novas eleições em caso de reforma constitucional, mas hoje afirmou que "ninguém o vai afastar do poder" sob pressão.
"Muitas vezes sou criticado por dizer que 'ninguém me tira o poder'. É uma crítica bem fundamentada, não foi para isso (abandonar o poder) que as pessoas me escolheram", afirmou Lukashenko.
A Bielorrússia tem sido palco de várias manifestações desde 09 de agosto, quando Alexander Lukashenko conquistou um sexto mandato presidencial, numas eleições consideradas fraudulentas pela oposição e parte da comunidade internacional.
Nos primeiros dias de protestos, a polícia deteve cerca de 7.000 pessoas e reprimiu centenas de forma musculada, suscitando protestos internacionais e ameaça de sanções.
Os Estados Unidos, a União Europeia e diversos países vizinhos da Bielorrússia rejeitaram a recente vitória eleitoral de Lukashenko e condenaram a repressão policial, exortando Minsk a estabelecer um diálogo com a oposição.