Borrell pede a líderes da UE que adotem sanções à Bielorrússia após bloqueio de Chipre
21 set, 2020 - 17:16 • Lusa
"Os ministros dos Negócios Estrangeiros discutiram a questão das sanções [na Bielorrússia] e, embora haja uma clara vontade em adotá-las, ainda não foi possível fazê-lo hoje porque isso requer unanimidade, que não foi alcançada."
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, incumbiu esta segunda-feira os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) de adotarem sanções contra responsáveis pela crise política na Bielorrússia, dado o bloqueio de Chipre no Conselho.
"Os ministros dos Negócios Estrangeiros discutiram a questão das sanções [na Bielorrússia] e, embora haja uma clara vontade em adotá-las, ainda não foi possível fazê-lo hoje porque isso requer unanimidade, que não foi alcançada", declarou o Alto Representante da UE para a Política Externa, falando em conferência de imprensa em Bruxelas.
Em declarações prestadas à imprensa após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, Josep Borrell acrescentou que a adoção de novas sanções contra os responsáveis pela repressão dos protestos que contestam a vitória do Presidente Alexander Lukashenko na Bielorrússia "terá de ser discutida pelos líderes europeus na cimeira no final desta semana".
"Espero que na cimeira seja possível", insistiu o chefe da diplomacia europeia, assegurando que fará "tudo o que for possível para [este processo] avançar", desde logo porque está em causa a "credibilidade da UE", no seguimento da 'luz verde' dada em agosto passado.
A lista de medidas restritivas tem de ser formalmente adotada para ficar em vigor, processo que o Chipre está a bloquear por exigir medidas semelhantes contra a Turquia, dada a crise do Mediterrâneo oriental.
"Não é segredo que não existe unanimidade porque um país continuar a participar num bloqueio", apontou Josep Borrell.
Porém, quando confrontado pela imprensa, o Alto Representante da UE rejeitou estar "a culpar" o Chipre.
"Não culpei o Chipre de nada, só disse que não houve unanimidade. [...] Penso que na próxima cimeira se decidirá, sem dúvida, a imposição de sanções", concluiu Josep Borrell.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE deram luz verde, em agosto passado, a sanções para os responsáveis pela repressão ao movimento de protesto contra o Presidente Alexander Lukashenko, na Bielorrússia.
Nesse mesmo dia, o Conselho da UE elaborou uma lista de nomes contra os quais devem ser impostas proibições de viagem e congelamento de bens, que, segundo fontes diplomáticas, contém cerca de 40 nomes.
Chipre tem, contudo, vindo a reiterar que não pode concordar com as sanções contra a Bielorrússia, o que bloqueia a adoção de tais medidas, que exigem unanimidade.
Assim sendo, o assunto ficará sob alçada dos chefes de Governo e de Estado da UE, reunidos entre quinta-feira e sexta-feira em Conselho Europeu em Bruxelas.
Hoje, Josep Borrell insistiu que a UE "não reconhece de forma legítima" a vitória de Alexander Lukashenko nas presidenciais de agosto passado e que tais resultados eleitorais "foram falsificados".
As presidenciais de 09 de agosto deram a vitória a Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.
A participar no arranque dos trabalhos da reunião de hoje esteve a líder oposição às presidenciais do país, Svetlana Tikhanovskaya, que hoje se deslocou a Bruxelas.
Josep Borrell adiantou à imprensa que os ministros europeus manifestaram a Svetlana Tikhanovskaya "um forte sinal" de solidariedade para com o povo bielorrusso e de contestação ao processo eleitoral no país.
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