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Namíbia quer ser o primeiro país africano a utilizar cães na deteção da Covid-19

24 set, 2020 - 11:33 • Lusa

Esta ideia já está a ser testada em França e na Colômbia.

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Uma universidade da Namíbia iniciou um projeto para tornar esta nação da África Austral a primeira com cães treinados para detetar a Covid-19, uma ideia que já está a ser testada em França e na Colômbia.

A iniciativa pode vir a ter os primeiros cães totalmente treinados dentro de duas ou três semanas. Os animais escolhidos para este projeto são pastores e beagles alemães, duas raças particularmente dotadas de olfato.

“Os cães não sentem o cheiro do vírus, mas sentem o cheiro do que o corpo produz em resposta ao vírus. Chamamos-lhe orgânico volátil (compostos), diferentes doenças têm diferentes processos e diferentes respostas e os cães são extremamente sensíveis a elas”, explicou o veterinário Conrad Brain, em declarações pelo telefone à agência EFE.

“Para a Covid-19, ninguém no mundo sabe exatamente quais as moléculas específicas que estão a cheirar. Talvez seja um composto de enxofre”, disse o especialista.

O veterinário, que faz investigação no setor privado mas colabora com a Universidade da Namíbia, é o investigador principal do programa, que também envolve peritos jurídicos, enfermeiros, médicos, outros veterinários, estudantes de medicina e veterinária e, claro, cães.

A capacidade dos cães na deteção de doenças é bem conhecida, por exemplo, na deteção de pessoas com cancro e outras patologias e tudo aponta para que estes animais venham também a ser úteis no combate à Covid-19.

“Os cães são, em muitos casos, mais competentes do que os testes PCR”, disse Brain.

Segundo o especialista, os cães são capazes de detetar pessoas sem sintomas e mesmo, por vezes, pacientes que já têm o vírus, mas em quem o teste é inicialmente negativo, e que depois se mostram positivos com um segundo teste, como verificado por investigadores franceses.

Os investigadores namibianos estão em contacto com especialistas de outros países, que trabalham no mesmo campo na Europa e na América.

Esta colaboração tem sido muito útil na determinação das melhores formas de obter amostras, o que constitui um desafio tanto do ponto de vista médico como legal.

Os cães estão a ser treinados na região de Windhoek, a capital namibiana, com a utilização de amostras de suor das axilas de pessoas infetadas, com as quais aprendem a identificar os odores provenientes de humanos contaminados.

Até à data, a Namíbia registou 10.663 casos de Covid-19, dos quais 8.431 são pacientes recuperados e 117 terminaram em mortes, segundo dados de hoje do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

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