Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Nagorno-Karabakh

Azerbaijão exige retirada da Arménia. “A bola está no seu campo”

02 out, 2020 - 13:40 • Marta Grosso com Lusa

Baku responde aos apelos de cessar-fogo com uma exigência. Desde o reinício dos confrontos (dia 27), já morreram, pelo menos, 190 pessoas.

A+ / A-

O Azerbaijão exige que a Arménia se retire do território separatista de Nagorno-Karabakh para impedir “a escalada” do conflito.

“Se a Arménia quiser acabar com a escalada da situação, a bola está no seu campo. A Arménia deve pôr fim à ocupação. Já basta”, afirmou nesta sexta-feira o assessor da presidência do Azerbaijão para os assuntos externos, Hikmet Hajiyev, em videoconferência com a imprensa.

Na rede social Twitter, o Azerbaijão promete libertar os territórios ocupados e acusa a Arménia de atacar o país.


A exigência feita à Arménia é a resposta à declaração de Erevan, também nesta sexta-feira, sobre estar pronta para trabalhar com o grupo de mediação constituído pela Rússia, os Estados Unidos e a França para adotar um cessar-fogo em Nagorno-Karabakh, onde o Azerbaijão enfrenta separatistas apoiados por Erevan.

“Estamos prontos para nos juntarmos aos países que presidem o Grupo de Minsk da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa] a fim de restabelecer um cessar-fogo baseado nos acordos de 1994-1995”, anunciou a diplomacia arménia, em comunicado.

Os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, dos EUA, Donald Trump, e de França, Emmanuel Macron, pediram na quinta-feira ao Azerbaijão e à Arménia que cessem as hostilidades através de um cessar-fogo imediato, em particular no enclave separatista do Nagorno-Karabakh, palco de combates desde domingo passado, dia 27 de setembro.


“Também apelamos aos dirigentes da Arménia e do Azerbaijão que assumam a obrigação de reiniciar as negociações para uma solução com a colaboração dos copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE, de boa fé e sem impor condições prévias”, assinalaram os três chefes de Estado, numa declaração conjunta divulgada pelo Kremlin.

Os três países condenaram “firmemente” a escalada militar na fronteira entre os dois países no Nagorno-Karabakh, uma zona de disputa entre arménios e azeris desde 1988.

A Arménia diz-se defensora da paz e de todos os seus cidadãos, “incluindo os da diáspora”, e acusa o Azerbaijão de atacar alvos civis e jornalistas.


A principal cidade de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, foi atacada nesta sexta-feira pelas forças do Azerbaijão, segundo o Ministério da Defesa arménio, que referiu haver “numerosos feridos” entre a população civil e danos em infraestruturas civis.

Segundo um balanço parcial, pelo menos 190 pessoas morreram desde o recomeço dos confrontos, no dia 27 de setembro: 158 soldados separatistas, 13 civis arménios, e 19 civis azeris.

Baku não divulgou ainda perdas militares, mas a Arménia diz que 1.280 soldados azeris morreram, enquanto o Azerbaijão fala em 1.900 militares arménios abatidos.


No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do Sul, onde há interesses divergentes de diversas potências, em particular da Turquia, da Rússia, do Irão e de países ocidentais.

Este território, de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.

Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk, constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas permaneceram frequentes.

Em julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+