21 mai, 2020 - 08:00 • Jumara Rocha Fortes*
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Para a nossa família de quatro pessoas em Reykajavík, na Islândia, o coronavírus não alterou muita coisa. Aqui, não tivemos o “lockdown”, mas apenas restrições de grupos com mais de 20 pessoas. Ginásios, piscinas (que são muito populares), restaurantes e bares fecharam as portas, mas lojas e supermercados continuaram abertos.
O meu marido e eu continuámos a trabalhar normalmente, com exceção de três semanas que eu fiquei a trabalhar em dias alternados (fomos divididos em dois grupos para limitar o risco de contágio).
Eu trabalho no hospital de Reykjavík, no núcleo de pesquisas. Mandamos
amostras de sangue (entre outras) para serem analisadas fora do país. Mas graças a Deus a pior fase passou e já voltamos à rotina normal.
O meu marido trabalha numa firma pequena, como engenheiro civil, e para ele nada mudou.
Seguimos as regras de nos mantermos distantes dois metros uns dos outros nos lugares públicos e de usarmos álcool nas mãos quando entramos nos estabelecimentos, mas fora disso, saímos a vontade. Vamos onde queremos e a vida está a voltar, aos poucos, quase ao normal.
As nossas filhas, de 14 e 18 anos, foram seguindo as aulas em casa, via internet. Continuaram a encontrar-se com as amigas e, socialmente, pouca coisa mudou. Mas sabemos que para muitas pessoas a situação foi bastante diferente.
O desemprego aumentou bastante quando o turismo acabou, literalmente, de um dia para o outro. Os idosos deixaram de poder receber visitas e as pessoas do “grupo de risco” ficaram isoladas. Mal começou a pandemia, se alguém voltasse do exterior, ou tivesse contacto com alguma pessoa infetada, tinha de ficar isolado durante duas semanas. Mas, no geral, a situação aqui é muito melhor do que em outros países, por sermos um país pequeno com pouca população).
Os nossos políticos tiveram o bom senso de deixar as decisões de como enfrentar a pandemia para as autoridades da saúde e da economia e o resultado é que nos últimos quatro dias, não houve nenhum caso de Covid-19 na Islândia e casos ativos são apenas seis.
Lamentavelmente, 10 pessoas já morreram no total, aproximadamente três por 100 habitantes no total. Atualmente tudo indica que a primeira vaga já passou. O
país vai, cuidadosamente, abrir-se para o turismo em junho. Serão oferecidos testes pagos pelo Governo com resultados em três horas, obrigatórios para todos os que entrarem no país. A outra opção é o isolamento de duas semanas.
*Jumara Rocha Fortes é natural do Brasil mas trabalha na Islândia, onde vive com o seu marido e duas filhas.