18 mai, 2020 - 08:30 • Inês Meireles*
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Em Copenhaga.
Depois de um inverno chuvoso e de um semestre atarefado pensei que a primavera iria chegar com muito sol e boas energias. Mas enganei-me, pois o clima daqui não é o mesmo de Portugal.
O segundo semestre estava a começar, tinha acabado de arranjar um emprego quando o governo dinamarquês declara “lockdown”. Teríamos de estar confinados em casa durante 14 dias, diziam eles, até ter passado mais de dois meses.
As primeiras semanas foram relativamente calmas e fáceis. Até que começou a vir a tosse, a febre e o cansaço. Comecei a ficar com medo. Estava sozinha na Dinamarca, longe da minha família, e agora tinha apanhado o vírus?
Liguei para a linha de apoio ao covid-19 e disseram para não sair de casa e ficar isolada de toda a gente e tomar paracetamol até os sintomas desaparecerem.
Na altura nem à cozinha podia ir, pois não vivendo sozinha tinha de respeitar as regras. Felizmente os meus colegas de casa cozinharam todas as refeições e nunca me faltou apoio.
Não cheguei a saber se foi coronavírus ou só uma gripe, mas na altura só havia testes para pessoas de risco. Curei-me com paracetamol.
Chegou a Páscoa e a minha viagem para Lisboa foi cancelada. Estou cheia de saudades da minha família e ainda sem certezas de quando vou poder voltar a vê-los, espero bem que brevemente!
Apesar de trabalhar de casa, ter aulas de casa e não poder ver os meus amigos como nos “velhos” tempos sinto que sou uma sortuda. Podemos sair de casa, ir ao jardim, ir dar uma volta ao pé do canal, passear e andar de bicicleta. Estamos em liberdade ainda que “condicionada”.
Agora em maio, após dois meses, o silêncio da cidade está a desvanecer e o sol voltou finalmente! As boas energias, a alegria e as cores de primavera chegaram.
Estou consciente da sorte de poder viver a pandemia nesta cidade espetacular onde vou passar os próximos dois anos!
*Inês Meireles é portuguesa e é aluna de mestrado em Copenhaga.