07 out, 2020 - 15:01 • Sofia Freitas Moreira com agências
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Desde que recebeu alta hospitalar, na última segunda-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, tem continuamente sido alvo de críticas pela forma como tem lidado com a sua própria infeção por Covid-19.
Depois de saber que tinha o novo coronavírus e de ser hospitalizado, Trump tirou a máscara quando regressou à Casa Branca, mesmo estando infetado, e pediu à população norte-americana para que “não tenham medo do vírus”, declarações num contexto de campanha para as eleições presidenciais de 3 de novembro.
Desde o primeiro momento em que o diagnóstico do Presidente norte-americano foi revelado, Trump tem recebido os melhores cuidados médicos possíveis, incluindo tratamentos experimentais a que a esmagadora maioria da população norte-americana não tem acesso.
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Além de ter sido tratado com o antiviral Remdesivir, que reduz o tempo de recuperação e que é apenas usado em quadros muito específicos, e com o esteroide Dexometasona, normalmente utilizado nos casos mais graves da doença, o chefe de Estado recebeu ainda uma terapia experimental de anticorpos desenvolvida pela farmacêutica Regeneron, que mostrou resultados promissores num primeiro estudo com 275 pacientes.
O tratamento experimental ainda nem recebeu autorização oficial de emergência da Food and Drug Administration (FDA), a autoridade farmacêutica dos EUA, mas foi disponibilizado a Trump após um pedido especial dos médicos que o assistem. Em declarações à CNN, a epidemiologista Seema Yasmin diz que, “provavelmente, Trump foi o único paciente do mundo que recebeu estes três medicamentos”.
“Se calhar sou imune. Sinto-me melhor do que sentia há 20 anos”, garantia o líder norte-americano através do Twitter, na segunda-feira. Sem mencionar que os restantes norte-americanos infetados pela Covid-19 não têm acesso aos cuidados de saúde a que tem tido direito, pediu ainda à população para que não tenha medo do vírus.
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Algo que também não acontece com os restantes dois milhões de infetados ativos nos Estados Unidos é o acompanhamento permanente da equipa médica da Casa Branca a que o Presidente tem acedido.
Na terça-feira, a equipa garantiu que o estado de saúde de Donald Trump “é muito bom”, tendo passado “uma noite tranquila em casa”, sem apresentar “quaisquer sintomas”.
“Os sinais vitais e os exames físicos continuam estáveis e o nível de oxigénio permanece nos 95-96%”, afirmou ainda o médico do Presidente, Sean Conley.
À CNN, a epidemiologista Seema Yasmin reconhece que é natural o Presidente do país ter alguma diferenciação no acesso ao tratamento, mas não deixa de lembrar que “há (quase) 210 mil americanos que morreram nos últimos meses porque a resposta à pandemia foi muito má” e que estas vítimas “não tiveram acesso” aos cuidados que Trump tem recebido.
O tratamento experimental com Regeneron, da Biotech, ainda não está disponível no mercado e um pedido de “uso compassivo”, como o solicitado pelos médicos de Trump, é normalmente um processo muito demorado. O Presidente norte-americano recebeu o tratamento no último sábado, um dia depois de ter testado positivo.
Também o antiviral Remdesivir que lhe foi diagnosticado não está ainda aprovado pela FDA. A equipa médica da Casa Branca conseguiu outra autorização especial, mais uma vez, em tempo recorde, para o administrar ao presidente.
O Remdesivir é uma medicação que tem dado que falar. Por um lado, as análises mostram uma elevada capacidade de recuperação dos infetados tratados com este fármaco, mas, por outro, há sérios efeitos secundários associados à sua ingestão, como níveis altos de toxicidade nos rins e no fígado.
Quanto ao uso do esteroide Dexometasona no tratamento do líder norte-americano, os relatos médicos são mais positivos, uma vez que se trata de uma medicação disponível no mercado e acessível. No entanto, a não ser em casos muito graves e como último recurso, a Dexometasona não é recomendada no tratamento da Covid-19, por reduzir drasticamente o funcionamento do sistema imunitário.
“As conclusões que podemos tirar desta tripla terapia é que os médicos do presidente consideraram que a sua condição clínica era grave e corria perigo”, refere à CNN Jonathan Reiner, professor de Medicina na Universidade George Washington.
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Milhões de norte-americanos continuam com dificuldades no acesso aos testes para a Covid-19, mas Trump, por sua vez, “é o homem mais testado nos Estados Unidos”, como garantiu a assessora de imprensa do Presidente, Kayleigh McEnany. “Ele foi testado mais do que qualquer outra pessoa, múltiplas vezes por dia”.
O Presidente norte-americano teve alta hospitalar na última segunda-feira, depois de três dias hospitalizado devido à Covid-19, e garante que está pronto a participar no debate presidencial de dia 15.
Na terça-feira, um dos principais conselheiros de Trump acusou positivo num teste para a Covid-19. É mais um caso de infeção no núcleo duro do líder norte-americano. Entre as nove pessoas que estiveram com o presidente a preparar o debate de dia 29 de setembro, é a sexta a testar positivo.
No entanto, o surto na Casa Branca é até mais alargado e já infetou, até ao momento, mais de 15 pessoas.
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