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Nobel da Paz vai para o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali

11 out, 2019 - 09:58 • Filipe d'Avillez

Em 2018, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído a dois arautos da luta contra a violência sexual, o ginecologista congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Yazidie Nadia Murad.

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O Prémio Nobel da Paz 2019 vai para o primeiro-ministro da Etiópia Abiy Ahmed Ali. O anúncio foi feito esta sexta-feira pela Academia Sueca.

Uma das razões para a entrega do prémio a Ali foi o seu papel na mediação do processo de paz entre a Etiópia e a Eritreia, um conflito que durou décadas. A Eritreia travou uma guerra de independência contra a Etiópia entre 1961 e 1991, altura em que finalmente foi reconhecida como país.

Em 1998 os combates reacenderam-se, levando a uma guerra de dois anos, mas cujo acordo de paz apenas foi alcançado em 2018. Abiy Ahmed foi instrumental em conseguir derrubar as barreiras de desconfiança entre a Etiópia e o regime ditatorial da Eritreia e pôr fim à tensão entre os dois países.

Uma vez que a razão dada para a entrega do prémio é o processo de paz com a Eritreia, é de realçar a exclusão do ditador Isaias Afwerki, que pode ser lida como uma censura do Comité ao regime de um país que é conhecido como a Coreia do Norte de África.

Numa primeira reação à notícia, Abiy Ahmed Ali afirmou que a Etiópia se orgulhava da distinção "enquanto nação". Este é o primeiro prémio Nobel para o país africano.

O primeiro-ministro da Etiópia tem assumido também um papel de promotor da paz no continente africano, com destaque para o Sudão, e em garantir a harmonia religiosa num país onde convivem muitas confissões diferentes. Historicamente a Etiópia é um país cristão ortodoxo, sendo inclusivamente um dos países cristãos mais antigos do mundo. Existe contudo uma grande comunidade islâmica e vários grupos cristãos protestantes. Filho de pai muçulmano e mãe cristã, Abiy é um evangélico devoto. Apesar de ser protestante, o primeiro-ministro recebeu a mais alta distinção quer da Igreja Ortodoxa quer do Conselho Islâmico pelo seu trabalho a favor da reconciliação religiosa no país.

O laureado tem um longo historial de ativismo político. Enquanto jovem combateu na guerra civil contra a ditadura do regime Dergue. Vencida essa guerra fez carreira militar, chegando ao posto de tenente coronel, antes de optar por entrar na política a tempo inteiro.

Casado e pai de quatro filhos, um dos quais adotado, o primeiro-ministro tem 43 anos.

Abiy Ahmed Ali não estava entre os favoritos apontandos pelas casas de apostas. A ambientalista sueca Greta Thunberg, o Papa Francisco, o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados eram os principais candidatos ao Nobel da Paz, segundo os especialistas do setor das apostas.

Em 2018, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído a dois arautos da luta contra a violência sexual, o ginecologista congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Yazidie Nadia Murad.

Esta foi a centésima edição do Prémio Nóbel da Paz.

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