20 out, 2020 - 11:32 • Sofia Freitas Moreira com agências
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O Governo britânico assinou um contrato, esta terça-feira, para a realização do primeiro estudo em que voluntários saudáveis e jovens são propositadamente infetados com Covid-19, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de vacinas e perceber melhor a forma como o vírus atua no corpo humano.
Os testes vão contar com grupos de 19 voluntários, de cada vez, e vão ser realizados no Royal Free Hospital de Londres, que tem uma enfermaria de Biossegurança de Nível 3.
Em parceria com o Imperial College de Londres, os testes vão ser feitos pela hVIVO, uma empresa especializada nesta área.
O que distingue este estudo de outros realizados até agora? Num ensaio normal, como muitos que estão a decorrer neste momento em várias partes do mundo, onde dezenas de milhares voluntários recebem vacinas experimentais, os especialistas assumem que parte dos vulntários será exposta ao vírus de forma natural.
No caso particular deste ensaio da hVIVO, os voluntários são deliberadamente infetados com o vírus. Os defensores desta estratégia acreditam a abordagem é mais eficiente e rápida, uma vez que exigem menos pessoas e porque existe a garantia de que todos os voluntários vão contrair o vírus.
Como não existe ainda um tratamento eficaz para combater as infeções por Covid-19, é importante que os voluntários sejam saudáveis e jovens, uma vez que suportam um risco inferior de algo correr mal. No entanto, isto faz com que não representem fielmente a população em geral.
Na primeira fase dos ensaios, um pequeno grupo de voluntários vai ser exposto ao vírus, de forma a determinar a dose mínima que leva ao desenvolvimento de sintomas do novo coronavírus.
"Queremos saber desde o início como o corpo humano reage a uma dose do vírus", disse o Dr. Martin Johnson, Diretor Médico Sénior da hVIVO, à CNN.
A hVIVO isolou o vírus a partir de um britânico infetado com Covid-19. Os voluntários serão expostos ao vírus pelo nariz, através de uma pipeta, com uma dose pequena. “Estamos a tentar fazer é obter o número mínimo de sintomas que são seguros".
A primeira fase é conhecida por ser um estudo de caracterização e, assim que estiver finalizado, a empresa garante que estará pronta para testar até três potenciais vacinas.
Não é a primeira vez na história que testes deste género são realizados. A mesma estratégia já foi adotada para estudos sobre a cólera, febre tifóide, malária e até gripe. Neste caso, o risco é maior, porque não existe ainda um tratamento totalmente eficaz para a Covid-19.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.