22 out, 2020 - 22:24 • Lusa
O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, lamentou esta quinta-feira que “vidas humanas se tenham perdido” devido aos violentos protestos contra os abusos policiais, tendo avisado os manifestantes que não permitirá que ponham “em perigo a paz e a segurança nacional”.
“Entristece-me profundamente que vidas inocentes tenham sido perdidas. Estas tragédias são injustificadas e desnecessárias", disse Buhari numa mensagem à nação.
O chefe de Estado nigeriano apelou à população para “resistir à tentação de ser utilizado por elementos subversivos para causar o caos e matar” a democracia.
Os protestos na Nigéria têm como alvo os membros do Esquadrão Especial Antirroubo (SARS, em inglês), uma força policial acusada por grupos de defesa dos direitos humanos de ter matado e torturado cidadãos nigerianos.
A contestação, que conta com uma forte mobilização de jovens, teve início depois de um vídeo de agressões alegadamente cometidas por membros do SARS ter sido divulgado nas redes sociais.
#EndSARS
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Como resposta aos protestos, o Governo nigeriano anunciou, no dia 11 de outubro, que iria desmantelar esta força policial, mas tal não foi suficiente para demover os manifestantes, que reclamam o fim das agressões por parte das forças de segurança.
"Infelizmente, a rapidez com que agimos [para desmantelar o SARS] parece ter sido mal-interpretada como um sinal de fraqueza e distorcida por alguns pelos seus interesses egoístas e antipatrióticos", disse hoje Buhari no seu discurso.
De acordo com a Amnistia Internacional, pelo menos 56 pessoas morreram desde o início dos protestos, em 08 de outubro, incluindo 38 na passada terça-feira, em Lagos.
Os protestos têm-se realizado um pouco por todo o país, que conta com uma população superior a 196 milhões de pessoas, com principal destaque para a maior cidade, Lagos, a capital, Abuja, e outras importantes cidades, como Port Harcourt, Calabar, Asaba e Uyo.
Além dos confrontos entre polícia e manifestantes, nos últimos dias, a Nigéria tem sido palco de pilhagens e roubos a supermercados e bancos.
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De acordo com o governo do estado de Lagos, um armazém que continha milhares de sacos com alimentos destinados a famílias afetadas pela Covid-19 foi saqueado por centenas de homens e mulheres que invadiram o local.
A campanha para o fim do SARS reuniu apoio internacional, incluindo de membros do movimento ‘Black Lives Matter’ e do cofundador da plataforma social Twitter Jack Dorsey, que partilhou várias publicações de manifestantes nigerianos.
Na passada terça-feira, dia 13, a polícia nigeriana anunciou a criação de uma brigada anticrime (SWAT) para substituir a SARS, tendo posteriormente garantido que nenhum antigo membro da unidade desmantelada poderá integrar a nova força.
A Nigéria é o maior produtor de petróleo de África, mas o país sofre um abrandamento da sua economia e um desemprego em massa, especialmente entre os jovens, agravado pela crise resultante da pandemia de Covid-19.