23 out, 2020 - 19:52 • André Rodrigues , com Lusa
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que os cuidados intensivos na Europa poderão atingir o limite da sua capacidade dentro das próximas semanas.
Numa conferência de imprensa online, esta sexta-feira na sede da organização em Genebra, a responsável técnica pela resposta à pandemia, falou de “uma situação muito preocupante a acontecer na Europa”.
“Não só estamos a ver aumentos no número de casos como aumentos no número de hospitalizações e no número de pessoas que necessitam de cuidados intensivos”, referiu Maria van Kerkhove.
Antecipando as eventuais consequências deste cenário, a responsável salientou que, “em muitas cidades pela Europa, a capacidade máxima das unidades de cuidados intensivos será atingida nas próximas semanas” e que essa é, nesta altura, a principal preocupação da OMS.
Com o avanço do outono no Hemisfério Norte, as próximas semanas trarão, muito provavelmente, um aumento dos casos de gripe sazonal, o que vai aumentar as necessidades hospitalares das pessoas com doenças respiratórias que terão que ter resposta.
Maria van Kerkhove avisou que “a situação é diferente” em relação a março, mas reconhece que hoje há mais capacidade de testagem e de perceber onde começam surtos para os controlar.
Já o diretor executivo do programa de emergências sanitárias da OMS diz ser preciso “garantir que o número de mortes [na Europa] se mantém baixo”, assinalando que, nesta altura, as vítimas mortais por Covid-19 registadas semanalmente representam metade das cerca de 5.000 que ocorriam, em média, nos primeiros meses da pandemia.
No entanto, Michael Ryan admite que esse número “poderá aumentar nos próximos dias”, sendo necessário assegurar que “o sistema de cuidados na linha da frente não entra em colapso” e é capaz de dar “prioridade clínica às pessoas que precisam dos primeiros cuidados”.
De acordo com a cientista chefe da OMS “há bons progressos” com 10 vacinas candidatas na Fase 3 de ensaios clínicos.
“Uma ou duas” das quais poderão apresentar resultados ainda no mês de novembro, admitiu Soumya Swaminatahan.
No entanto, esta responsável adverte que “não nos podemos pôr a adivinhar antes de ver esses resultados”, salientando que a taxa de sucesso para vacinas é normalmente “entre 25 e 30 por cento” e que é preciso estar preparado tanto para um sucesso como para um falhanço.
De qualquer maneira, mesmo com resultados, quaisquer decisões sobre os resultados dos testes terão que passar sempre pelos reguladores, “pelo que não será antes da segunda metade de 2021 que haverá qualquer vacina disponível”, conclui.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo.
Em Portugal, morreram 2.276 pessoas dos 112.440 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.