24 out, 2020 - 00:44 • André Rodrigues , com Lusa
A Argentina anunciou esta sexta-feira uma nova extensão da quarentena, até pelo menos 08 de novembro, totalizando 233 dias, naquela que é já a quarentena mais longa do mundo.
"Vamos continuar por mais 14 dias como estamos hoje", anunciou o presidente Alberto Fernández, pela primeira vez fora de Buenos Aires, a partir da província de Misiones, limite da fronteira com o Brasil e com o Paraguai.
A propagação da Covid-19 avança, agora, pelo interior do país, afetando, sobretudo, as províncias de Santa Fé, Córdoba, São Luis, Mendoza, Neuquén, Rio Negro e Tucumán, que são responsáveis por 55% dos cerca de 15 mil contágios diários no país.
Tendência inversa verifica-se na área metropolitana de Buenos Aires que, além da capital argentina, inclui mais 13 municípios onde a curva de contágio, apesar de considerável, tem registado uma trajetória descendente.
Apesar das medidas de confinamento que duram há mais de 200 dias, a Argentina ocupa o sétimo lugar no ranking global de contágios, apesar da reduzida capacidade de testagem.
Nas últimas cinco semanas, foi, de resto, o país com mais mortos registados por dia, com oito óbitos por milhão de habitantes.
A pressão sobre os serviços de saúde é evidente e, além dos contágios disseminados por várias regiões, o presidente argentino constata “o stress e o desgaste do pessoal médico em unidades de saúde que estão a atender milhares de utentes em simultâneo, que estão saturadas e num ponto limite”.
Com esta nova extensão, até 8 de novembro, a Argentina vai cumprir 233 dias consecutivos de quarentena e as mais recentes sondagens sugerem o desgaste da população face às restrições impostas pelo Governo.
De acordo com a consultora Giacobbe, 58,2% dos argentinos são contra uma nova extensão e o número tem crescido a cada 14 dias. Na sondagem anterior, eram 55%.
Em defesa das suas decisões, Alberto Fernández pede à população que “entenda a gravidade da situação”, porque o problema “está longe de estar resolvido”.
O chefe do Estado argentino assegura que o objetivo é “preservar a saúde de todos” e promete que, "pouco a pouco", vão abrir as atividades, "porque a economia também precisa".
Bares, restaurantes e ginásios poderão ocupar 25% das suas capacidades máximas internas, dependendo da ventilação. Até agora, só podiam usar espaços ao ar livre. Museus poderão abrir com reserva prévia, assim como piscinas ao ar livre poderão funcionar com quantidades limitadas e sem vestiários.
Depois de sete meses, os casamentos civis serão permitidos com um máximo de 20 pessoas, pacientes poderão voltar ao tratamento de reabilitação e crianças do pré-escolar poderão ter atividades pedagógicas e recreativas ao ar livre.