25 out, 2020 - 18:13 • Filipe d'Avillez
Milhares de pessoas voltaram a protestar, este domingo, contra a decisão do Tribunal Constitucional da Polónia de proibir o aborto por razões eugénicas, isto é, por razões de malformação ou deficiência do nascituro.
A decisão do tribunal foi divulgada na sexta-feira passada e conclui que os nascituros têm direito à vida. Entrará em vigor logo que seja publicada oficialmente, o que deve ocorrer ao longo das próximas semanas.
A conferência episcopal da Polónia saudou a decisão, mas no sábado já tinha havido manifestações em várias cidades da Polónia contra a proibição num país onde o aborto só era legal em casos de violação, incesto, perigo para a vida da mãe e malformação ou deficiência do nascituro, sendo que esta última categoria correspondia a cerca de 98% dos abortos feitos anualmente na Polónia, segundo as estatísticas.
As manifestações contra a decisão tornaram-se violentas em algumas cidades e em vários locais os manifestantes concentraram-se diante de igrejas. Alguns conseguiram mesmo entrar nas igrejas com os seus cartazes. Numa imagem vê-se uma mulher diante do altar, enquanto o padre continua a celebração da missa, com um cartaz a dizer “rezemos pelo direito ao aborto”.
Num vídeo posto a circular nas redes sociais uma manifestante munida de cartaz tenta entrar numa igreja em Varsóvia mas é impedida por jovens que guardam a entrada. Sem violência, os homens limitam-se a colocar-se à frente da mulher para que não possa aceder, enquanto os restantes manifestantes cantam: "Deixem-na entrar!"
A decisão do Tribunal Constitucional foi espoletada por uma petição assinada por 119 deputados da maioria de direita no Parlamento que questionaram a constitucionalidade do aborto em casos eugénicos.