04 nov, 2020 - 08:57 • Olímpia Mairos
A organização médica-humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MFS) reivindica assistência urgente para as mais de 400.000 mil pessoas deslocadas pela violência na província moçambicana de Cabo Delgado.
De acordo com a MSF, depois de fugirem da violência dos ataques em curso de grupos armados e de ações militares das forças moçambicanas, as pessoas deslocadas enfrentam agora sérios riscos para a saúde e condições de vida inadequadas.
“Cerca de 10.000 deslocados chegaram de barco à capital provincial de Pemba, na semana passada”, conta Joaquim Guinart, coordenador do Projeto Cabo Delgado para a organização humanitária internacional MSF. O responsável descreve que “estavam desidratados” e que “as mulheres deram à luz no mar”.
“Houve casos de diarreia grave e potencialmente fatal. Há muita pressão sobre o pessoal médico local, uma vez que 20.000 pessoas chegaram ao longo do último mês e mais continuarão a vir”, sublinha Joaquim Guinart.
Segundo a MSF cerca de 100.000 deslocados internos procuraram refúgio em Pemba e arredores, em locais de abrigo temporários, como edifícios escolares ou em famílias de acolhimento, aumentando em um terço da população da cidade.
A MSF diz ainda que “muitos deslocados carecem de água potável e estão expostos à malária com quase nenhuma proteção, enquanto permanecem em condições pouco higiénicas e aglomeradas, aumentando o risco de um surto de sarampo, diarreia ou Covid-19”.
A MSF afirma-se “profundamente preocupada com a continuação da violência e deterioração das condições em Cabo Delgado e com o rápido crescimento do número de deslocados, especialmente com o início da estação chuvosa”.
“As necessidades básicas das pessoas deslocadas permanecem em grande parte por satisfazer, apesar dos esforços existentes para prestar assistência humanitária”, afirma o chefe da Missão da MSF em Moçambique, Alain Kassa.
“Sem ação imediata, esta situação irá deteriorar-se rapidamente”, alerta a MSF, instando “as autoridades moçambicanas a prestarem apoio para a mobilização de trabalhadores humanitários adicionais e de provisões sem demoras”.
A organização médico-humanitária indica que abriu uma clínica móvel em Pemba, em setembro passado e expandiu as suas atividades com uma segunda clínica na semana passada, para chegar a mais pessoas nos distritos mais remotos. Está também a levar a cabo ações de água e saneamento e a providenciar apoio a centros de tratamento de doenças diarreicas em Pemba.
Perante o aumento de deslocados e a falta de meios(...)