05 nov, 2020 - 22:47 • Filipe d'Avillez
Dezenas de pessoas, incluindo várias crianças, poderão ter morrido depois de um dos muitos barcos sobrelotados que transportava civis que fogem de Cabo Delgado, em Moçambique, se ter afundado.
O incidente terá acontecido no dia 29 de outubro, mas só veio a público quando alguns dos sobreviventes chegaram a Pemba, a capital da província, e informaram os funcionários de agências humanitárias sobre o que se tinha passado.
Segundo informações disponibilizadas pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), das Nações Unidas, a bordo do navio seguiam perto de 70 pessoas e haverá 38 desaparecidos, que se presume terem morrido.
“Quando o barco afundou consegui agarrar-me a um jerrican que levava comigo e cheguei à ilha mais próxima. Outros agarraram-se a almofada do barco e outros a cordas, mas alguns afogaram-se. O meu marido afogou-se. A maioria dos mortos são crianças, só duas crianças sobreviveram”, diz a sobrevivente Uyeca Mpate, segundo a OIM.
Nas últimas três semanas 274 barcos saíram de Cabo Delgado, levando para Pemba mais de 13 mil pessoas, incluindo 5.900 crianças.
Cabo Delgado está a ser abalado há alguns anos por uma insurreição perpetrada por fundamentalistas islâmicos. A violência já fez muitas mortes e levou à deslocação interna de mais de 300.000 pessoas.