15 nov, 2020 - 21:53 • Lusa
O ex-presidente norte-americano Barack Obama descartou aceitar um possível cargo no futuro Governo de Joe Biden, considerando que o vencedor das eleições presidenciais não precisa dos seus conselhos, mas disponibilizou-se a "ajudá-lo da maneira" que puder.
Em entrevista ao canal de televisão norte-americano CBS, transmitida hoje, o ex-presidente norte-americano disse, em tom de brincadeira, que a sua esposa, Michelle Obama, o deixaria se aceitasse um cargo na futura administração.
“Há coisas que não faria, porque a Michelle me deixaria. Sim, ela diria ‘O quê? Vais fazer o quê?'”, desabafou Barack Obama, respondendo assim à questão sobre um possível cargo no Governo.
Na perspetiva de Obama, o Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que foi seu vice-presidente (2009-2017) "não precisa” dos seus conselhos.
“Vou ajudá-lo da maneira que puder. Agora, não planeio trabalhar de repente na equipa da Casa Branca ou algo assim", afirmou Obama.
A entrevista à CBS, que é a primeira de Obama a ser transmitida desde que em 07 de novembro as projeções dos meios de comunicação deram Biden como vencedor nas eleições presidenciais contra o atual Presidente, Donald Trump, foi gravada na última quarta-feira.
Sobre a situação atual dos Estados Unidos da América e o facto de Trump não ter aceitado a sua derrota eleitoral, ao mesmo tempo em que promoveu teorias da conspiração sobre uma suposta fraude nas eleições, o ex-presidente norte-americano manifestou-se dececionado com o papel desempenhado por alguns legisladores republicanos.
Questionado sobre os 72 milhões de eleitores que votaram em Trump, o primeiro presidente afroamericano na história dos Estados Unidos indicou que esse número mostra que o país ainda está "profundamente dividido".
“A força desse ponto de vista alternativo está presente nos meios de comunicação que esses eleitores consomem, tem muito peso”, sustentou Obama, admitindo que essa situação o preocupa.
“É muito complicado para a nossa democracia funcionar se estamos a funcionar sobre duas bases diferentes de factos”, referiu Obama.
Relativamente à transição do poder na presidência, que se perspetivou não ser pacífica, Obama frisou que “Joe Biden será o próximo Presidente dos Estados Unidos da América, Kamala Harris será a próxima vice-presidente”, porque “não há base legal” para as acusações de Trump relativamente aos resultados das eleições presidenciais.
Em relação ao apoio que o Presidente cessante teve dos membros do Partido Republicano, que não questionaram as denúncias sem provas de que houve fraude eleitoral, o ex-presidente norte-americano defendeu que “foi dececionante, mas foi algo normal nestes últimos quatro anos”.
“Obviamente, não pensam que houve fraude, porque não falaram nada durante os primeiros dois dias, mas há um prejuízo nisso”, avançou Obama, reforçando que “a transição pacífica do poder, a noção de que qualquer eleito para um cargo, seja um salvador de cães ou um presidente, serve o povo”, até porque “é um trabalho temporário”.
O Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu hoje a vitória do rival democrata, Joe Biden, nas eleições de 03 de novembro, mas insistiu, sem apresentar provas, que houve fraude.
"Ganhou porque as eleições foram fraudulentas. Não foram autorizados observadores dos votos, os votos foram contados por uma empresa privada da esquerda radical, Dominion, que tem má reputação e uma equipa enganadora que nem sequer preencheu os requisitos para operar no Texas (onde ganhei por larga vantagem), e os órgãos de comunicação falsos e calados, e muito mais!" escreveu Trump na sua conta no Twitter.
A sua publicação foi assinalada por aquela rede social com a frase "esta afirmação sobre fraude nas eleições é polémica".