06 dez, 2020 - 10:15 • Lusa
O secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês garantiu que a França não aceitará “um acordo a qualquer preço" com Londres sobre as futuras relações entre o Reino Unido e a União Europeia após o Brexit.
"Se chegarmos a um acordo, vamos examiná-lo. Se não for bom e de acordo com nossos interesses, principalmente para os pescadores, a França, como qualquer outro Estado-membro, pode emitir um veto", disse Clément Beaune em entrevista publicada pelo semanário "Le Journal du Dimanche".
O secretário de Estado, muito próximo do Presidente Emmanuel Macron, considerou adequada a trégua nas negociações introduzida pelo representante europeu, Michel Barnier, mas advertiu que os prazos não devem constituir uma ameaça.
"Estaríamos errados se mantivéssemos a pressão no cronómetro. É necessário que os Estados-membros e o Parlamento Europeu tenham tempo para examinar o acordo quando ele for alcançado e após sua votação", disse.
Além disso, garantiu, seria necessário explicá-lo às empresas para que se adaptassem ao novo cenário, para o qual considerou fundamental que se avance "nos próximos dias".
“É bom finalizar um acordo, ou estabelecer o 'não acordo'. Porque, neste caso, é melhor saber agora do que no Natal. Enquanto isso, temos que nos preparar para as duas opções”, disse.
Beaune reconheceu que os dois principais confrontos entre Londres e os 27 são os subsídios a empresas e a pesca.
No primeiro caso, o secretário de Estado salientou que, com o acordo, o Reino Unido "seria o principal parceiro comercial fora da UE", pelo que considerou "normal que sejam pedidas garantias de que não haverá um 'dumping' inadmissível".
Sobre a pesca, garantiu que “os britânicos não podem, por um lado, ter acesso a todo o mercado único europeu e, por outro, excluir a pesca desse conjunto”.
Meados de novembro era a data limite para se chegar a um acordo que terá de ser ratificado antes de entrar em vigor, em 1 de janeiro de 2021, dia em que caduca o período transitório após o Reino Unido ter abandonado formalmente o bloco europeu, em 31 de janeiro.