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Covid-19. ​Vacinas podem chegar aos países pobres só em 2024

16 dez, 2020 - 18:22 • Hugo Monteiro , com redação

A preocupação consta de documentos internos da Aliança Global para as Vacinas. Amnistia Internacional critica "açambarcamento" pelos países ricos e defende que propriedade intelectual e tecnológica das vacinas seja cedida à OMS.

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Os países mais pobres podem ficar sem vacina para a Covid-19 até 2024. A preocupação consta de documentos internos da Aliança Global para as Vacinas, liderada por Durão Barroso, a que a agência Reuters teve acesso.

De acordo com estes documentos, o programa COVAX, o principal mecanismo global para vacinar as populações de países mais pobres, corre o risco de falhar.

O objetivo era distribuir, pelo menos, dois mil milhões de doses de vacinas até ao final do próximo ano e, assim, cobrir 20% da população de países mais vulneráveis de África, Ásia e América Latina.

Segundo os autores destes relatórios, os promotores deste mecanismo afirmam que o programa está a sofrer com a falta de financiamento, os riscos de fornecimento e o que diz serem arranjos contratuais complexos.

Como consequência, as pessoas nos países mais pobres podem ficar sem qualquer acesso às vacinas até 2024. O risco é, ainda, maior porque o programa foi estabelecido de forma rápida e está a operar em território desconhecido, dizem estes documentos citados pela Reuters.


Radiografia 2020. O ano em que a Covid-19 desafiou a humanidade
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A secção portuguesa da Amnistia Internacional assume não estar surpreendida com esta notícia. Em declarações à Renascença, Pedro Neto fala num açambarcamento de vacinas pelos países mais ricos, que não irá permitir que as vacinas cheguem, lá está, aos países mais vulneráveis.

“É motivo de preocupação, mas infelizmente esta expetável. Olhando para as três maiores farmacêuticas que estão a produzir a vacina, neste momento, elas não têm capacidade para produzir vacinas suficientes para todo o mundo, estão a vendê-las sobretudo a países ricos, que têm 18% da população mundial”, afirma o ativista.

Pedro Neto considera que estamos perante um “açambarcamento das vacinas” para a Covid-19, por parte das nações mais ricas, o que vai deixar de fora “a maior parte da população mundial”.

O diretor da Amnistia Internacional Portugal diz que o mundo corre o risco de não conseguir o nível de imunização desejado e apela que a propriedade intelectual e tecnológica das vacinas seja cedida à Organização Mundial de Saúde (OMS).

O objetivo da proposta é que a vacina contra a Covid-19 possa ser produzida em “maior escala” e chegar a todos as pessoas no mundo. “Só assim é que vamos conseguir a imunidade desejada na população mundial”, sublinha.

A pandemia de Covid-19 já causou mais de 1,6 milhões de mortos no mundo desde que o novo coronavírus foi descoberto em 2019 na China.

Mais de 73.462.340 casos de infeção com o novo coronavírus (SARS-Cov-2) foram diagnosticados oficialmente no mesmo período no mundo, dos quais pelo menos 47.202.800 são pessoas já consideradas como recuperadas e curadas, de acordo com os dados reunidos pela AFP.

Portugal regista esta quarta-feira mais 82 mortes e 4.720 casos de Covid-19 esta quarta-feira, avança a Direção-Geral da Saúde (DGS). O número de internamentos desce pelo segundo dia consecutivo.

Com a nova atualização dos dados estão confirmados 5.815 mortes e mais de 358 mil casos do novo coronavírus desde a chegada da pandemia ao país, no início de março.

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