17 dez, 2020 - 22:41 • Lusa
Uma parte dos estudantes que tinham sido raptados, na última semana, no nordeste da Nigéria, alegadamente pelo grupo jihadista Boko Haram, foram libertados esta quinta-feira, anunciou um elemento do Governo nigeriano, sem especificar o número concreto de jovens libertados.
“Os estudantes sequestrados da Escola Secundária de Ciência do Governo, em Kankara, foram libertados, o governador do estado de Katsina confirmou as notícias”, escreveu na rede social Twitter o assistente pessoal do Presidente da Nigéria para os Novos Media, Bashir Ahmad.
Contudo, não é especificado quantos estudantes foram libertados e se ainda há alunos reféns, mas um elemento das forças de segurança confirmou à France-Presse (AFP) que ainda há jovens nas mãos dos captores.
O grupo jihadista Boko Haram divulgou esta quinta-feira um vídeo que exibia várias dezenas de estudantes.
Com o rosto coberto de pó e com escoriações, um dos rapazes disse que era um dos 520 estudantes que tinham sido sequestrados na última semana.
Centenas de menores foram raptados, no nordeste da Nigéria, durante a madrugada de sábado por uma milícia que, alegadamente, tem fidelidade ao Boko Haram, cuja região de influência está a centenas de quilómetros mais a leste.
Este rapto tinha sido, entretanto, reivindicado pelo líder do Boko Haram, Abubakar Shekau.
As autoridades nigerianas ainda não confirmaram em concreto quantos estudantes estão reféns, as informações variam entre 330 e 400, no entanto, através do vídeo divulgado, o grupo jihadista explicita, que raptaram 520 menores e que alguns já tinham sido mortos.
As crianças surgem no vídeo com ar abatido, amontoadas num local que se assemelha a uma floresta, em condições sanitárias muito precárias.
A mensagem do Boko Haram foi transmitida através dos canais habituais de difusão do grupo considerado terroristas. É gravado em inglês e na língua dos Haúças, povo que habita naquela região da Nigéria.
Um homem, que se apresentou como Abubakar Shekau, transmite depois uma mensagem áudio: “Estes são os meus homens e estes são os vossos filhos.”
De acordo com os testemunhos de alguns jovens que conseguiram escapar, os reféns foram divididos em vários grupos durante a noite do sequestro.
O ataque assemelha-se a outro que ocorreu em 2014, em Chibok, no qual o Boko Haram reivindicou o sequestro de 276 raparigas.
O rapto foi também um duro golpe para o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, que quando assumiu o cargo, em 2015, fez da luta contra o este grupo jihadista uma prioridade.
O Boko Haram está dividido em duas fações desde 2016: a de Abubakar Shekau, considera o líder histórico do grupo, e que pertence ao autodenominado Estado Islâmico na África Ocidental - um braço da também autointitulada Organização do Estado Islâmico -, que atua particularmente na região do Lago Chade.
No início de dezembro, a fação leal a Abubakar Shekau reivindicou o homicídio de pelo menos 76 agricultores no nordeste da Nigéria.
A violência provocada pelos jihadistas já provocou 36 mil mortos neste país e mais de dois milhões de deslocados.