18 dez, 2020 - 21:28 • Lusa
Nove em cada dez famílias de refugiados sírias vivem em condições de extrema pobreza, indica esta sexta-feira um relatório das Nações Unidas, elaborado pelas agências da ONU para os Refugiados (ACNUR), Infância (Unicef) e Programa Alimentar Mundial (PAM).
“A crise económica, a forte inflação, a Covid-19 e a explosão [no porto de] em Beirute [a 4 de agosto, que provocou mais de 200 mortes] deixaram as comunidades vulneráveis no Líbano, sobretudo os refugiados sírios, à beira do abismo”, lê-se no documento,
O Líbano está mergulhado na sua maior crise económica em décadas, com uma depreciação cambial histórica, hiperinflação, demissões em massa e pobreza crescente.
As autoridades libanesas indicam que o país acolhe atualmente cerca de 1,5 milhões de sírios, incluindo quase um milhão registados pelas Nações Unidas como refugiados que fugiram do conflito na vizinha Síria.
Segundo relatório, 89% das famílias de refugiados sírios no Líbano vivem atualmente em extrema pobreza, contra 55% em 2019.
Os refugiados sírios vivem agora com menos de 309 libras libanesas ‘per capita’ mensal (cerca de 167 euros) ao câmbio oficial.
O montante médio de uma família de refugiados síria endividada aumentou 18%, com a compra de alimentos a constituir-se como a primeira razão da acumulação de dívidas, acrescenta-se no documento, que adianta que os preços dos produtos de primeira necessidade no Líbano “subiram quase para o triplo” desde outubro de 2019.
No relatório é também indicado que as famílias estudadas se debatem com a insegurança alimentar, que aumentou 28% num ano.
As agências da ONU alertaram para a necessidade de se desenvolverem “estratégias de adaptação” para que as famílias de refugiados sírias possam acabar com o casamento precoce dos filhos e filhas ou a retirarem-nos da escola para trabalhar.
“A situação dos refugiados sírios no Líbano tem-se deteriorado há anos, mas os resultados do estudo […] mostram, de forma dramática, o quanto se tornaram difíceis para sobreviverem”, afirmou a representante do ACNUR no Líbano, Mireille Girard.