21 dez, 2020 - 10:27 • Vasco Gandra, correspondente em Bruxelas
A vacina desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e pela empresa de biotecnologia alemã BioNTech – e que já está a ser administrada há várias semanas no Reino Unido e noutros países – está a ser produzida em fábricas de vários locais do mundo. Uma delas é na Bélgica, na cidade de Puurs.
Daqui vão sair milhões de doses de vacinas anti-Covid para toda a União Europeia, após a aprovação para comercialização por parte da Agência Europeia do Medicamento. A Renascença foi até lá.
O parque industrial da Pfizer na localidade belga de Puurs é um dos maiores do mundo na produção de medicamentos e vacinas. É uma gigantesca unidade fabril devidamente vigiada que não é possível visitar. Distingue-se ao longe, da estrada, já que da sua planta despontam duas enormes turbinas eólicas que geram a energia "verde" necessária à produção.
Situado na Flandres, o sítio industrial da Pfizer fica a meia hora do porto de Antuérpia e do aeroporto de Bruxelas, à entrada da pequena cidade de Puurs.
Trata-se de uma localização estratégica próxima de alguns dos principais eixos rodoviários do país. O constante movimento de camiões de transporte de mercadorias de vários países da UE confirma a importância das vias que circundam Puurs.
A situação geográfica da localidade representa uma mais valia para as exportações, garante o autarca de Puurs, em entrevista à Renascença.
Koen Van den Heuvel destaca ainda outro trunfo: "a Pfizer em Puurs tem há muito tempo uma especialização em vacinas. Tem muita experiência. No ano passado, produziu mais de 400 milhões de doses de vacinas".
Neste gigantesco parque industrial da Pfizer trabalham mais de três mil pessoas. Entretanto, a produção de milhões de doses de vacinas anti-Covid levou a farmacêutica a criar novos empregos nas últimas semanas.
"No último mês, a Pfizer criou novos postos de trabalho. Houve muitas novas entrevistas para a produção da vacina da Covid. Para nós, isto é uma notícia muito boa. Nós já temos uma economia local bastante forte. A taxa de desemprego é de cerca de 3%. E para nós isto vai melhorar", explica Van den Heuvel.
No seu gabinete, onde tem recebido jornalistas de todo o mundo desde que a Pfizer/Puurs anunciou a produção da vacina, o autarca afirma que a região tem uma longa tradição na indústria farmacêutica. Trata-se de uma espécie de "Silicon Valley" do setor, que acolhe três gigantes mundiais e uma série de ‘startups’ flamengas.
Em 10 anos, a região duplicou o número de trabalhadores. Atualmente, o setor emprega cerca de 5.500 pessoas, grande parte a viver a menos de 10 quilómetros da fábrica.
Depois de alguma pressão por parte do ministro ale(...)
Mas é a produção da vacina que vai ajudar o mundo combater a pandemia que deixa orgulhosos os cerca de 16 mil habitantes de Puurs. "Estamos muito contentes e muito orgulhosos. Sinto que todos os habitantes estão orgulhosos. Podemos dizer que vamos salvar o mundo. E com três mil empregados na fábrica da Pfizer em Puurs toda a gente conhece alguém que trabalha lá, seja na família, na vizinhança ou entre os amigos".
O líder da autarquia prevê que o movimento de camiões de transporte seja um desafio. Deverá aumentar nos próximos dias e semanas com o envio dos lotes para toda a Europa. Foi assim com o transporte das primeiras vacinas anti-Covid em direção ao Reino Unido.
Mas a região tem bons acessos, garante Van den Heuvel. Na área da segurança foram tomadas algumas medidas suplementares e a polícia estará atenta.
Koen Van den Heuvel acredita, por isso, que tudo correrá bem com o transporte da vacina produzida na sua localidade. Diz, com orgulho, que é uma de prenda de Natal de Puurs para o mundo.
"Podemos dizer que é uma prenda de Natal muito boa de parte de Puurs para o mundo, para a Europa e também para os ouvintes da vossa rádio em Portugal. Desejamos a todos um Feliz Natal e um bom Ano".