23 dez, 2020 - 23:03 • Lusa
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As autoridades do estado brasileiro de São Paulo informaram esta quarta-feira que a CoronaVac, a potencial vacina chinesa contra a Covid-19, é eficaz, mas adiaram novamente a divulgação dos dados que comprovam a alegada eficácia do imunizante.
Segundo o Instituto Butantan, o centro de investigação científica de São Paulo que coordena a testagem da CoronaVac no Brasil, foi o próprio Sinovac Biotech, laboratório chinês que criou a vacina, que impediu a divulgação dos dados, devido a uma cláusula no contrato.
"Temos um contrato com a Sinovac que especifica que o anúncio deste número precisa de ser feito em conjunto, no mesmo momento. Ontem [terça-feira] apresentámos esses números à nossa parceria que, no entanto, solicitou que não houvesse a divulgação do número, porque necessitam de analisar cada um dos casos para poder aplicá-los à agência NMPA [Associação Nacional de Produtos Médicos], que é a agência reguladora da China", disse o diretor do Butantan, Dimas Covas.
Segundo as autoridades de São Paulo, o estado brasileiro mais afetado pela pandemia de Covid-19, o laboratório chinês quer unificar e equalizar os dados com os ensaios feitos em outros países, como Turquia e Indonésia, para evitar que índices diferentes sejam divulgados.
Em conferência de imprensa, Dimas Covas afirmou que, além de comprovar que a vacina é segura, o estudo da fase três mostrou que o imunizante tem uma eficácia superior a 50%, recusando-se, porém, a revelar esse índice.
"Recebemos também os dados de eficácia. Nós atingimos o limiar da eficácia que permite o processo de solicitação de uso de emergência da vacina, seja aqui no Brasil, seja na China", declarou Covas.
Já o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, informou que a eficácia da CoronaVac calculada pelo estudo do Butantan foi diferente da eficácia verificada em outros países em que a vacina foi aplicada, podendo ter sido essa discrepância nos dados que motivou o atraso na divulgação final, segundo a imprensa local.
Esta não é a primeira vez que a divulgação é adiada. A previsão inicial era de que os dados fossem apresentados a 15 de dezembro, no entanto, a data passou para hoje, sendo adiada novamente e sem que haja uma previsão oficial para a efetiva difusão do relatório.
O Butantan tinha também previsto para hoje o envio dos dados de eficácia à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador brasileiro.
A taxa mínima recomendada pela Anvisa como parâmetro de proteção para aprovação da vacina é de 50%.
A Coronavac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac e que será produzida pelo Butantan, já havia demonstrado ser segura e capaz de provocar resposta imune em até 97% dos participantes de etapas anteriores do estudo, feitas na China.
O secretário de Saúde do estado de São Paulo disse ainda que, apesar do atraso, a vacinação no estado terá início em 25 de janeiro.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (188.259, em mais de 7,3 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.