04 jan, 2021 - 17:03
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O primeiro-ministro britânico vai anunciar, esta segunda-feira à noite, novas medidas para conter a pandemia de covid-19. O Parlamento foi convocado para se reunir extraordinariamente na quarta-feira, sugerindo que poderá ser decretado um novo confinamento nacional.
"O primeiro-ministro tem sido claro que novas medidas devem ser tomadas agora (...) Ele vai anunciá-las esta noite", adiantou um porta-voz, no dia em que foi atingido um novo máximo de 58.784 casos em 24 horas.
A comunicação televisiva de Boris Johnson está prevista para hoje às 20h00 (mesma hora em Lisboa).
Os deputados, que só deveriam voltar do recesso na segunda-feira, 11 de janeiro, têm de ser consultados para aprovar novas medidas a nível nacional.
Johnson já tinha admitido no domingo em entrevista à BBC a necessidade de restrições mais apertadas e esta manhã voltou a dizê-lo, durante uma visita ao Chase Farm Hospital, no norte de Londres.
"Se olharmos para os números, não há dúvida de que teremos de tomar medidas mais duras e iremos anunciá-las no devido tempo", afirmou, à margem de uma visita a propósito do início da administração da vacina Oxford-AstraZeneca.
No domingo, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, urgiu Boris Johnson a impor "restrições nacionais nas próximas 24 horas", alegando que o novo coronavírus está "claramente fora de controlo".
"Não podemos permitir que o primeiro-ministro desperdice as próximas duas ou três semanas e depois decrete um bloqueio nacional que é inevitável", alegou.
A chefe do governo da Escócia, Nicola Sturgeon, anunciou hoje um confinamento na região a partir de terça-feira, determinando que as pessoas fiquem em casa, exceto por razões de força maior, para ajudar a aliviar a sobrecarga dos hospitais e unidades de cuidados intensivos.
"Estou mais preocupada com a situação que enfrentamos agora do que em qualquer momento desde março do ano passado", justificou.
As outras regiões britânicas, Irlanda do Norte e País de Gales, que também têm autonomia em termos de política de saúde, já tinham iniciado confinamentos após o Natal.
O Reino Unido é um dos países da Europa que mais sofreu com a pandemia covid-19, tendo contabilizado oficialmente 54.990 mortes de infetados.
Há cinco dias consecutivos que o país regista mais de 50 mil novos casos diários, aceleração atribuída a uma nova variante do vírus considerada mais infecciosa.
Quase 80% da população já se encontra atualmente no Nível 4, o mais elevado de uma escala de restrições, que determina o encerramento do comércio não essencial e recomenda que as pessoas fiquem em casa, mas prevê o funcionamento de escolas e universidades.
Devido ao agravamento da situação epidémica, o Governo britânico já tinha determinado um recomeço faseado das aulas em Inglaterra, mas tem estado sob pressão de sindicatos de professores para manter as escolas fechadas por questões de segurança.
O Reino Unido começou hoje a administrar uma segunda vacina contra a covid-19, desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca e Universidade de Oxford, arrancando com 520 mil doses de 100 milhões encomendadas.
Esta vacina é menos cara e mais fácil de armazenar e transportar, pelo que poderá facilitar campanhas de imunização em larga escala, ao contrário das concorrentes Moderna e Pfizer/BioNTech, que precisam de ser guardadas em temperaturas muito baixas.
"[O lançamento desta vacina] é um ponto de viragem na nossa luta contra este horrível vírus", saudou o ministro da Saúde, Matt Hancock.
A vacina Pfizer-BioNTech, a primeira vacina a ser aprovada para uso no Reino Unido, já foi injetada em mais de um milhão de habitantes desde o início de dezembro, mas não é certo quando estarão disponíveis todas as 40 milhões de doses encomendadas.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.843.631 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 7.118 pessoas dos 427.254 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.