12 jan, 2021 - 20:23 • Lusa
Os ataques a duas aldeias no Níger em 02 de janeiro mataram 106 pessoas, incluindo 17 crianças, e resultaram numa deslocação maciça da população, anunciou hoje uma agência da Organização das Nações Unidas.
Segundo uma nota divulgada pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 10.600 pessoas fugiram de 1.523 casas nas aldeias de Tchoma-Bangou e Zaroum-Dareye, no sudoeste do país, para outros locais da região de Tillabéri.
Até à data, a maioria (1.473 famílias) refugiou-se na aldeia de Mangaizé, onde foram realojadas com outras famílias.
A região de Tillabéri, localizada na zona das "três fronteiras" Níger-Mali-Burkina Faso, frequentemente atacada por grupos 'jihadistas', é também altamente vulnerável à insegurança alimentar crónica, agravada pelo estado de emergência.
Os recentes ataques terroristas, bem como os que os antecederam na mesma região, levaram ao encerramento ou suspensão de 17 mercados rurais nos departamentos de Abala, Banibangou e Ouallam, impactando o acesso da população a alimentos e a serviços sociais básicos.
O primeiro-ministro do Níger, Brigi Rafini, visitou as duas aldeias depois dos ataques para manifestar a sua solidariedade e pedir aos habitantes que permanecessem nas suas aldeias, tendo prometido a instalação de melhores dispositivos de segurança, um apelo que teve pouco sucesso.
Os ataques às aldeias foram realizados por um grupo 'jihadista', que as invadiram em cerca de 100 motos, e, além dos 106 civis, provocou cerca de 50 feridos.
As incursões 'jihadistas' realizaram-se no mesmo dia em que os primeiros resultados das eleições presidenciais, realizadas em 27 de dezembro, foram anunciados.
Há vários anos que o Níger -- tal como os vizinhos Mali e Burkina Faso - é atormentado por ataques 'jihadistas' nas zonas oeste e sudeste, tendo já morrido centenas de pessoas no processo.
Em maio passado, 20 pessoas, incluindo crianças, foram mortas em duas aldeias em Anzourou (região de Tillabéri) e há cerca de duas semanas, pelo menos 34 pessoas foram mortas e 100 outras ficaram feridas em Toumour, na região de Diffa (sudeste), perto da Nigéria, por membros do grupo 'jihadista' Boko Haram, de acordo com as autoridades.