12 jan, 2021 - 16:16 • Redação com Reuters
Sob pressão para se demitir após os seus apoiantes terem levado a cabo uma violenta invasão do Capitólio federal dos EUA na semana passada, o Presidente dos EUA disse esta terça-feira que o processo de destituição posto em marcha no Congresso causa "uma enorme raiva" mas que "não quer violência".
Nas suas primeiras declarações sobre a segunda tentativa para o destituir da presidência, quando faltam oito dias para abandonar a Casa Branca, Donald Trump não respondeu às perguntas dos jornalistas sobre se vai ou não demitir-se.
Em vez disso, criticou o facto de os democratas da Câmara dos Representantes terem decidido avançar com um novo pedido para a sua destituição, depois de cinco pessoas terem morrido na sequência da invasão do Capitólio que o Presidente incitou.
Ao comentar a possibilidade de os democratas apelarem ao seu vice-presidente Mike Pence, para que este avance com a sua destituição, através da 25.ª Emenda, Trump disse: "Tenham cuidado com o que desejam".
Mas independentemente do que os democratas aprovarem no Congresso, não se espera que Pence avance com este processo.
Durante a sua deslocação a Álamo, Trump afirmou: "A 25.ª Emenda tem risco zero para mim. Mas [se os democratas a invocarem], ela vai regressar para assombrar Joe Biden e o seu governo", acrescentando: "Como diz o ditado, tem cuidado com o que desejas".
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"A destituição está a causar uma enorme raiva e eles [democratas] estão a fazer isto, é realmente uma coisa terrível que eles estão a fazer", disse Trump aos jornalistas antes de embarcar no avião presidencial rumo à fronteira com o México em Alamo, no Texas.
Também declarou que as acusações que enfrenta nesse processo de destituição, de "incitamento à insurreição", são a continuação da "caça às bruxas" de que diz estar a ser alvo desde as presidenciais de 2016.
Questionado sobre a sua responsabilidade no ataque da semana passada ao edifício do Congresso, que teve lugar horas depois de ter sugerido aos seus apoiantes que marchassem até ao Capitólio para impedir a confirmação de Joe Biden, o Presidente respondeu que o seu discurso foi "totalmente apropriado".
A votação para destituir Donald Trump está marcada para amanhã, quarta-feira, na Câmara dos Representantes. A tomada de posse do democrata Joe Biden, que derrotou Trump nas eleições de novembro, acontece a 20 de janeiro.
Vários congressistas republicanos têm juntado a sua voz aos democratas na vontade de retirar os poderes presidenciais a Donald Trump, a quem acusam de ter instigado as cenas de violência no Congresso, na passada quarta-feira, num esforço para travar uma transição pacífica de poder.
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Trump arrisca tornar-se o primeiro Presidente a ser alvo de dois julgamentos de destituição durante o seu mandato, num país ferido por profundas divisões políticas.
As autoridades norte-americanas alertaram ontem para potenciais protestos armados em Washington e em alguns estados, ainda antes da tomada de posse do Presidente eleito, Joe Biden, organizados por apoiantes de Trump.
Num presságio sombrio, o monumento a Washington foi fechado ao público e a cerimónia de posse do 46.º Presidente dos EUA será realizada sem a presença de público.
[Notícia atualizada às 22h00]