20 jan, 2021 - 18:00 • Filipe d'Avillez
Unidade. Foi este o conceito que prevaleceu no discurso feito por Joe Biden, esta quarta-feira, na cerimónia de inauguração do seu Governo, nos Estados Unidos.
Ao longo de mais de 20 minutos, o novo Presidente falou repetidamente dos desafios que vai enfrentar durante os próximos quatro anos, sublinhando a pandemia, a crise financeira, a ecologia e a injustiça racial, mas acima de tudo a desunião que se tem acentuado no país ao longo dos últimos anos.
“Temos de pôr fim a esta guerra pouco civil que opõe encarnados [republicanos] contra azuis [democratas] rurais contra urbanos, conservadores contra liberais”, afirmou a dada altura Joe Biden, concluindo que para isso basta mostrar “tolerância e humildade e a vontade de nos colocarmos no lugar do outro”.
“Sem unidade não há paz, só amargura e revolta”, disse ainda o Presidente, exortando os seus concidadãos a juntarem forças. “Temos de enfrentar este momento como Estados Unidos. Se o fizermos, não falharemos. A América nunca falhou quando agimos em conjunto!”
“Vamos começar de novo, vamos começar a escutar-nos novamente, a olhar uns para os outros, a ouvir-nos. A política não tem de ser um fogo que destrói tudo à sua frente. Cada discordância não tem de ser uma guerra total. Temos de rejeitar a cultura em que os factos são manipulados e rejeitados”, disse ainda Biden.
O novo Presidente estendeu diretamente a mão aos seus opositores republicanos, pedindo que o acolham com boa-vontade e se, mesmo assim, continuarem a discordar dele “pois isso é democracia, isso é a América”, e disse que nunca deixará de lutar pelos seus interesses, mas que será o Presidente de todos, sem exceção.
Biden agradeceu também a presença na sua tomada de posse de vários dos seus antecessores, de ambos os partidos e não referiu a ausência de Donald Trump, que optou por quebrar mais de 150 anos de tradição e não compareceu na cerimónia, tendo abandonado Washington esta quarta-feira de manhã.
O recente ataque ao Capitólio, levado a cabo no dia 6 de janeiro por apoiantes de Donald Trump que queriam impedir a certificação dos votos do colégio eleitoral que deram a vitória a Biden, marcou todos os discursos feitos nesta inauguração, desde as palavras proferidas pelos senadores Amy Klobuchar e Roy Blunt, respetivamente do Partido Democrata e do Partido Republicano até ao próprio discurso de Biden.
“Neste terreno sagrado, onde há dias a violência abalou as fundações do Capitólio, juntamo-nos como uma nação, debaixo de Deus, indivisível, para assistir à transferência pacífica de poder”, disse. “Aprendemos novamente que a democracia é preciosa e frágil, mas hoje a democracia venceu”.
“Este é o dia da América. É o dia da democracia. Um dia de história e esperança, renovação e decisão. A América foi experimentada no cadinho, foi testada de novo e mostrou-se à altura do desafio”, afirmou Joe Biden, sublinhando que se tratou do triunfo “não de um candidato, mas de uma causa, a causa da democracia”.
Num discurso repleto de referências ao passado e de linguagem religiosa, Biden estendeu ainda as mãos às minorias do país, insistindo que está na altura de reafirmar o compromisso dos Estados Unidos para com a justiça para todos.
Biden tomou a palavra pouco depois de ter prestado o seu juramento ao presidente do Supremo Tribunal, isto depois de Kamala Harris ter feito o mesmo.
A cerimónia da inauguração de Joe Biden, que este ano decorreu de forma mais limitada devido à pandemia, foi marcada ainda por vários momentos musicais, destacando-se a prestação de Lady Gaga, que cantou o hino, e de Jennifer Lopez, que cantou a música patriótica “This Land is My Land”.
Houve ainda dois momentos de oração, uma liderada pelo padre jesuíta Leo Donovan e outro pelo pastor evangélico Silvester Beaman.