25 jan, 2021 - 17:03 • Lusa
O ano de 2020 foi "desastroso" para a liberdade de imprensa no Brasil, frisou um relatório da organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras (RSF), divulgado esta segunda-feira.
Segundo o levantamento, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e seus três filhos que atuam como políticos foram responsáveis por 469 ataques contra jornalistas, número que corresponde a 85% do total de 580 ataques de autoridades contra os ‘media’ do país.
O maior número de ataques partiu do deputado federal Eduardo Bolsonaro, com 208 infrações registadas, seguido do chefe de Estado (103), do vereador Carlos Bolsonaro (89) e do senador Flavio Bolsonaro (69).
Os colaboradores mais próximos do Presidente brasileiro também participaram desses ataques e desqualificações.
De acordo com a análise, 11 dos 22 ministros de Bolsonaro atacaram a imprensa em 2020.
Damares Alves, chefe da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi a principal agressora entre os ministros brasileiros, com 19 ataques aos jornalistas, seguida pelo ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (17).
O relatório da Repórteres Sem Fronteiras também observou que as redes sociais foram os meios preferidos para os ataques realizados por Bolsonaro, seus filhos e vários de seus ministros.
Somente na rede social Twitter, 489 mensagens hostis foram publicadas para jornalistas e empresas de comunicação social no ano passado.
Segundo a RSF, os ataques sexistas e misóginos foram uma das características mais marcantes do Bolsonaro, e do Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente, e onde costuma prestar declarações aos seus seguidores diariamente.
Para a organização, a hostilidade do "sistema Bolsonaro" reflete "como o Presidente, sua família e seus partidários refinaram, no último ano, um sistema voltado para o descrédito da imprensa e silenciamento de jornalistas críticos e independentes, considerados inimigos do Estado".
O Brasil está classificado em 107.º no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa de 2020, estabelecido pela RSF.