25 jan, 2021 - 16:55 • Lusa
As autoridades da Indonésia indicaram esta segunda-feira ter apreendido dois petroleiros, um iraniano e outro panamiano, suspeitos da transferência ilegal de petróleo nas águas do país do sudeste da Ásia.
Os petroleiros, o MT Horse com pavilhão iraniano e o MT Freya de bandeira panamiana, foram detetados no domingo ao largo da província de Kalimantan e confiscados após terem recusado contactos por rádio, indicou a agência de segurança marítima indonésia.
“Apreendemos os dois petroleiros ontem (no domingo) e continuamos o nosso inquérito”, indicou à AFP o porta-voz da agência, Wisnu Pramandita.
“A tripulação está a ser interrogada”, disse ainda.
Os membros da tripulação são suspeitos de vários delitos, nomeadamente de não ter mostrado as bandeiras dos navios, de desligar os seus sistemas de identificação para evitar a deteção e de transferir ilegalmente petróleo de um navio para outro.
A administração do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, acusou por diversas vezes o Irão de vendas clandestinas de petróleo para evitar as sanções impostas por Washington.
Em Teerão, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros declarou que foram recebidas “informações contraditórias” sobre os petroleiros e que se aguardam esclarecimentos.
A República Islâmica soube que os navios foram apreendidos por “um problema técnico”, indicou Said Khatibzadeh numa conferência de imprensa.
O incidente ocorre três semanas após a apreensão pelas forças armadas iranianas no Golfo do “Hankuk Chemi”, um navio-cisterna com pavilhão sul-coreano que Teerão acusa de poluição marítima.
Seul exigiu a libertação rápida do petroleiro e dos 20 elementos da sua tripulação, de nacionalidades sul-coreana, indonésia, vietnamita e birmanesa.
Khatibzadeh recusou hoje responder a uma pergunta sobre a eventual ligação entre a apreensão do petroleiro iraniano na Indonésia e o do navio-cisterna sul-coreano no Irão.
O ministro do Petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanganeh, confirmou que o navio iraniano transportava petróleo do país, segundo a agência oficial Irna, adiantando que Teerão acompanhava a situação.
O incidente com o navio sul-coreano ocorreu numa altura em que Teerão pressionava Seul para desbloquear vários milhares de milhões de euros congelados devido às sanções norte-americanas.
O porta-voz do governo iraniano tinha acusado a Coreia do Sul de ter “sequestrado” sete mil milhões de dólares de fundos (5,7 mil milhões de euros) pertencentes ao Irão.
Teerão indicou a 11 de janeiro que o caso do navio-cisterna sul-coreano era “um problema técnico” após Paris e Washington terem apelado à República Islâmica para libertar imediatamente aquele petroleiro.
O Irão era um dos principais fornecedores de petróleo da Coreia do Sul até Seul interromper as compras sob pressão das sanções restabelecidas por Washington a partir de 2018 em nome de uma política de “pressão máxima” contra Teerão, após Trump ter retirado o país do acordo internacional sobre o nuclear iraniano.