30 jan, 2021 - 19:47 • Lusa
Centenas de jovens tunisinos saíram este sábado à rua na capital tunisina em protesto contra a repressão policial e para exigir a libertação dos manifestantes detidos nas últimas semanas.
A manifestação decorreu entre a Praça dos Direitos Humanos no centro de Tunes até à Avenida Habib Bourguiba com o objetivo de alcançar o ministério do Interior, indicou a agência France-Presse (AFP).
A progressão da marcha de protesto acabou por ser bloqueada pela polícia neste importante eixo da capital.
Diversos manifestantes lançaram garrafas de água de plástico em direção às forças policiais enquanto emitiam as palavras de ordem “Liberdade, liberdade”, “Fim do regime policial” ou “Sem receio, sem medo, o poder pertence ao povo”.
Denunciaram ainda a “repressão policial” e a “corrupção” do Governo, com cartazes onde se lia “Polícia por todo o lado, justiça em lado nenhum”.
“As forças de segurança efetuam uma campanha de repressão contra nós e pretendem o regresso do Estado policial. Não aceitamos isso”, afirmou à AFP Majdi Sliti, 33 anos, que participou no protesto.
Em seu redor, manifestantes exigiam a “libertação dos filhos da nação”, numa referência às mais de mil pessoas detidas no decurso das diversas noites de confrontos em meados de janeiro.
Estes protestos coincidiram com o 10.º aniversário da revolução que em 14 de janeiro de 2011 provocou a queda do ditador Zine El Abidine Ben Ali, após 23 anos de poder.
Na semana passada, um jovem manifestante foi morto e outro gravemente ferido após serem atingidos por granadas de gás lacrimogéneo, de acordo com os seus próximos.
A Turquia atravessa uma crise política e económica, agravada pela pandemia do novo coronavírus.
No entanto, o país continua a ser considerado um dos raros exemplos de uma transição democrática bem-sucedida após a revolução de 2011, que inspirou os levantamentos populares da Primavera Árabe na região.
Numerosos tunisinos permanecem descontentes com uma classe política concentrada na luta pelo poder e acusada de permanecer alheada das dificuldades de uma população confrontada com o aumento inexorável dos preços, elevado desemprego e crescente pobreza.
Em 23 de janeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu aos responsáveis políticos a aplicação de um plano de reformas e o reforço da proteção social, quando o país também enfrenta um aumento das contaminações pelo novo coronavírus.