11 fev, 2021 - 19:34 • Redação com Lusa
A autoridade reguladora do audiovisual chinês anunciou esta quinta-feira que proibiu a difusão do canal BBC World News, alegando que os conteúdos da estação transgrediram "seriamente" as leis em vigor no país.
Em comunicado, Pequim considera que a cadeia televisiva, que emite sem interrupção, desrespeita o princípio pelo qual “as informações devem ser verídicas e justas”, e “não são atentatórias aos interesses nacionais da China”.
Em consequência, a entidade “não autoriza a BBC a continuar a emitir na China”.
Numa reação quase imediata, o grupo audiovisual público britânico manifestou-se “desapontado” pela decisão das autoridades chinesas.
“Estamos desapontados que as autoridades chinesas tenham decidido tomar esta medida”, declarou um porta-voz da BBC.
“A BBC é o difusor de informações mais fiável do mundo. Aborda temas do mundo inteiro de forma honesta, imparcial e sem receio nem favores”, sustentou o porta-voz da cadeia britânica.
A decisão chinesa é uma retaliação pelo facto de o Reino Unido ter vetado a sua televisão estatal.
O organismo britânico que regula o setor das telecomunicações (Ofcom) justificou a decisão com o facto de a CGTN ser controlada pelo Partido Comunista Chinês.
Na última semana, o regime de Pequim apelou ao Reino Unido para que corrigisse o que classificou como um “erro”, a propósito da retirada da licença de emissão à cadeia estatal CGTN, avisando que "reserva o direito de adotar as medidas necessárias para 'salvaguardar os direitos e os interesses legítimos dos meios de comunicação chineses".
Para o governo chinês, contudo, trata-se de uma “manobra política”.
A decisão da entidade reguladora britânica também foi lamentada pelo próprio canal, que reivindicou num comunicado a sua “excelente reputação” e o seu trabalho de informação no Reino Unido, dando como exemplo as entrevistas realizadas aos últimos primeiros-ministros.
A CGTN assegurou que a Ofcom fez a sua investigação “manipulada por organizações de extrema direita e forças anti-chinesas” e não teve em consideração as “explicações detalhadas” e a colaboração prestada neste último ano, durante o qual foi proposta uma "solução construtiva", tal como a transferência da licença.
A tensão política entre Londres e Pequim tem crescido recentemente, principalmente como resultado dos protestos em Hong Kong, território que esteve sob a soberania britânica até 1997.