18 fev, 2021 - 09:53 • Olímpia Mairos
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Chama-se EXO-CD24. É um spray nasal que promete revolucionar o combate à Covid-19.
O medicamento de administração nasal, criado no Hospital Ichilov, em Telavive, conseguiu reverter os sintomas em doentes graves.
Os ensaios clínicos foram muitos prometedores em 35 doentes com sintomas moderados a graves de Covid. Todos recuperaram entre 3 e 5 dias, após o início do tratamento, com exceção de 1 que recuperou mais tarde.
Segundo Nadir Arber, professor e médico israelita do hospital, citado pelo Diário de Notícias, não se trata de "uma cura para a Covid-19" nem de um substituto das “imprescindíveis vacinas”, mas pode ser um passo essencial para "virar o jogo" na luta contra o vírus e baixar drasticamente a mortalidade nos casos mais graves da doença.
O médico defende que "é preciso manter alguma humildade" e aguardar ensaios clínicos adicionais, ainda assim, não esconde o entusiasmo face aos primeiros resultados demonstrados pelo tratamento inovador.
Entrevista
Sem necessidade do recurso a seringas e agulhas, a(...)
O EXO-CD24 combina dois elementos com que a equipa de Nadir Arber já estava habituada a trabalhar há vários anos, no âmbito da investigação em cancro. Segundo o investigador “a proteína CD24 permite regular a resposta do sistema imunitário" e os exossomas, "nanovesículas excretadas pelas células e que vão estabelecer comunicação intercelular".
No tratamento da Covid-19, o fármaco atua no combate à tempestade de citocinas, uma reação exagerada do sistema imune que se acredita ser responsável por muitas das mortes associadas à doença. O composto usa exossomas - pequenos sacos transportadores de materiais - que levam a proteína CD24 aos pulmões. Esta proteína ajuda a acalmar o sistema imunológico e conter a tempestade. Como é inalado, vai diretamente aos pulmões, sem causar efeitos colaterais.
Nadir Arber refere ainda que o novo medicamento é fácil de produzir a baixo custo e que pode ser fabricado em quantidade suficiente, em poucos meses, para servir todo o mundo.
Se a investigação e produção decorrer ao ritmo que o investigador desejar, o fármaco poderá vir a ser usado ainda este ano.
O médico sublinha, no entanto, que a resposta ao novo coronavírus deve ser uma resposta integrada.