24 fev, 2021 - 16:45 • Redação
A Venezuela dá 72 horas para embaixadora da União Europeia (UE), a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, deixar o país.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, notificou oficialmente a embaixadora, avança a RTP3.
A notícia é conhecida depois de o Parlamento venezuelano, controlado por Maduro, ter aprovado, por unanimidade, uma resolução que pede ao Governo que declare “persona non grata” a embaixadora da União Europeia, a portuguesa Isabel Pedrosa.
A decisão é tomada depois de a UE ter adicionado 19 pessoas à lista de sanções contra personalidades do Governo venezuelano.
A aprovação do “acordo de repúdio” teve lugar a pedido do presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, que classificou de “grosseiras e ilegais” as “medidas coercitivas, unilaterais” tomadas pelo bloco europeu.
Caracas acusou esta quarta-feira a União Europeia de acreditar que é “dona do mundo” ao aplicar sanções contra venezuelanos, depois de notificar a embaixadora da UE de que deverá abandonar a Venezuela.
“A UE respeita o Direito Internacional e os direitos humanos? Eles acreditam que são o centro do mundo e nada mais são do que a velha Europa, onde aconteceram os piores conflitos, guerras, de onde surgiram os que cometeram os piores genocídios na África e aqui na América Latina”, disse o ministro das Relações Exteriores venezuelano.
Jorge Arreaza falava na Casa Amarilla em Caracas numa intervenção transmitida pela televisão estatal venezuelana.
“Com que autoridade acham (na UE) que podem avaliar, sancionar, reconhecer e não reconhecer as instituições de outros países?”, questionou.
Venezuela-UE
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Arreaza atribui as sanções da Europa à “ingerência, arrogância e prepotência” e perguntou, aos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, onde estão as sanções na Carta das Nações Unidas.
O governante venezuelano acrescentou que as únicas medidas coercitivas permitidas são autorizadas pelo Conselho de Segurança e não em virtude de acordos regionais ou por organismos regionais.
“Fazemos um apelo à reflexão (…) Oxalá haja uma avaliação sossegada, para que (na UE) agarrem os manuais de Direito Internacional, as leis, a Carta das Nações Unidas, e a Constituição dos países onde interferem permanentemente, e realizem uma análise reflexiva, que possam deitar abaixo essas atitudes de ingerência e prepotentes. Que a Europa cumpra um papel de aproximação, de ponte, de respeito”, disse.
Arreaza frisou que “há um par de dias” Caracas “conseguiu estabelecer uma comunicação estável” com o Alto Representante da UE para os Assuntos Exteriores, Josep Borrell, e que a Venezuela fez “todos os esforços” para “estabilizar a convivência democrática no país”.
“Fomos a eleições para a Assembleia Nacional, para reinstitucionalizar um poder tão decisivo na democracia venezuelana, e aplicam sanções contra magistrados, contra o poder eleitoral, reitores, deputados, até mesmo a oposição venezuelana e contra os chefes da polícia. E, dizem eles que devido à deterioração dos Direitos Humanos na Venezuela”, justificou.
Segundo Arreaza, “o Presidente (venezuelano Nicolás) Maduro foi generoso quando permitiu que os chefes de missão e mesmo as missões dos países da UE permanecessem na Venezuela” depois de “em fevereiro de 2019 deixarem de o reconhecer” apesar de terem sido acreditados perante ele.